Folha de S.Paulo

Acordo na Câmara tira polêmicas do Plano Diretor

EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO

Os vereadores de São Paulo fecharam um acordo nesta quarta-feira (11) para tentar aprovar o Plano Diretor em debate na Câmara.

Ao menos dois pontos polêmicos devem ser retirados do documento e discutidos separadamente: a construção de casas populares em um terreno localizado em Itaquera, na zona leste, e a implantação de um aeroporto em Parelheiros, na zona sul.

O Plano Diretor estabelece diretrizes para o desenvolvimento de São Paulo e é um dos principais projetos da gestão Haddad (PT).

Mesmo com acordo, a segunda votação do texto atrasará ao menos mais 15 dias.

Ela poderá acontecer a partir do dia 24, segundo José Américo (PT), presidente da Câmara --a previsão inicial dos governistas era que ocorresse antes da Copa.

PLATEIA

Ontem, mais uma vez, as galerias do plenário da Câmara ficaram cheias com a presença de movimentos populares. Centenas de apoiadores dos sem-teto ficaram do lado de fora aguardando a decisão da Câmara.

Segundo Américo, um dos entraves à aprovação do Plano Diretor é a discussão sobre o terreno que foi invadido em Itaquera, conhecido como Copa do Povo e pleiteado pelo movimento sem-teto para a construção de habitação popular.

"Tudo caminha para que seja feito um projeto de lei em paralelo, fora do Plano Diretor. Os dois [temas], entretanto, deverão ser discutidos e votados de forma simultânea", afirmou.

Para o vereador Ricardo Young (PPS), que participou das discussões com os movimentos sociais, o desmembramento deve ajudar tanto na votação do plano quanto na demanda dos sem-teto pelo terreno, que fica a 3 km do estádio que receberá os jogos da Copa em São Paulo.

Outro ponto polêmico do plano, a discussão sobre a construção de um aeroporto em área de proteção ambiental em Parelheiros também ficará de fora do texto.

Diversas propostas de mudança do plano serão apresentadas durante os debates. Os vereadores devem começar a discutir o tema na segunda-feira (16).

INGRESSOS

O presidente José Américo (PT) disse ontem à Folha que não há relação entre o adiamento da discussão do plano na terça-feira (10) e a disputa de vereadores por ingressos para o jogo de abertura da Copa, hoje (12/6).

"O Executivo queria enviar 18 ingressos para a Câmara. Mas eu recusei, porque não seria possível contemplar todo mundo", disse Américo.

A sessão de terça-feira não ocorreu, segundo o parlamentar, porque houve uma reunião longa entre a base do governo e o prefeito para discutir o Plano Diretor.

Nesta quarta-feira (11), Haddad disse que "questões menores" não vão atrapalhar a votação do projeto.

"Os vereadores estiveram comigo, situação e oposição, e há um entendimento amplo da necessidade de votar o Plano Diretor", afirmou.