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Cotidiano

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Operários de Belo Monte pagam sexo com vale

Estudo da UFPA aponta que pagamento de salários estimula prostituição em Altamira

Menores de idade entram em circuito de boates e também são contratadas por altos funcionários, diz estudo

AGUIRRE TALENTO DE BRASÍLIA

A cada início de mês, o pagamento dos operários da obra da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, provoca um boom nos serviços de prostituição de Altamira (a 900 km de Belém), estimulando inclusive a exploração de crianças e de adolescentes.

As informações constam de um estudo da UFPA (Universidade Federal do Pará), financiado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, e finalizado em maio.

No domingo (8), a Folha mostrou que, segundo a pesquisa, Belo Monte empurrou índios da região para o circuito de exploração sexual na cidade, a mais impactada pela construção da usina.

Relatos obtidos pelos pesquisadores apontam que os operários da obra usam até vale-alimentação para pagar pelos serviços sexuais.

Embora a prostituição ocorra abertamente nas boates de Altamira, a exploração de menores de idade costuma ser camuflada, pois as adolescentes geralmente não têm permissão para trabalhar nesses estabelecimentos.

Segundo o estudo, donos de casas noturnas fornecem telefones das garotas. Várias delas também fazem ponto em outros locais.

Nas rondas feitas pela equipe do projeto, foram encontradas menores de idade em duas casas, "porém, sem a possibilidade de saber se elas estavam trabalhando nas boates ou fazendo 'ponto' em frente delas", diz o relatório.

ALTO ESCALÃO

A pesquisa aponta que tanto operários da obra como alguns de seus funcionários de alto escalão estão envolvidos na exploração sexual.

Em um dos casos, uma conselheira tutelar encontrou em uma residência grande, com piscina e churrasqueira, três adolescentes e duas mulheres maiores de idade, todas em trajes de banho, com quatro homens. Segundo ela, tratavam-se de altos funcionários de Belo Monte.

A obra tem em torno de 25 mil operários, que incharam o município de 99 mil habitantes. Funcionários dizem que buscam os serviços por ficar muito tempo longe de suas famílias e por causa da intensa rotina de trabalho.

O estudo analisou casos registrados nas instituições públicas e ouviu moradores de Altamira, em especial, taxistas. Em abril, os pesquisadores firmaram um pacto com Belo Monte para o enfrentamento da violência sexual.

OUTRO LADO

A Norte Energia, empresa responsável por Belo Monte, diz que houve redução de 33% na violência contra crianças e adolescentes na cidade, pelos dados do Conselho Tutelar, e que tem ajudado a enfrentar o problema.

A empresa diz ter feito ações educativas, como palestras, e doado equipamentos a órgãos de segurança pública e assistência social.

Já o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte), contratado pela Norte Energia para fazer a obra, afirma que reduziu o intervalo entre as visitas dos trabalhadores a suas famílias e que também faz campanhas contra exploração sexual de menores de idade, inclusive com seus operários.


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