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Foco

Antigo leprosário é tombado pelo patrimônio histórico em Bauru

Entidade de apoio às vítimas da hanseníase aprova; outros quatro locais são analisados

JAIRO MARQUES DE SÃO PAULO

Parte da memória de sofrimentos e apartação a que foram submetidas as vítimas da hanseníase no Brasil começa a ser preservada no Estado de São Paulo com o tombamento do antigo Asilo Colônia Aimorés, o leprosário de Bauru (a 329 km de São Paulo).

O local, aberto em 1935, chegou a reunir 2.000 pessoas em regime de internação compulsória. Fica na zona rural da cidade e é o atual Instituto Lauro de Souza Lima.

Foram preservadas pelo Condephaat (órgão do patrimônio estadual) várias construções no complexo, entre elas uma igreja, um cineteatro, uma tribuna e prédios administrativos.

"Também foram protegidos acervos, documentos, arquivos médicos e equipamentos de trabalho. As condições das instalações são boas. A arquitetura está praticamente toda preservada", afirma a arquiteta Adda Ungaretti, que trabalhou no estudo técnico que levou ao tombamento.

O sistema de isolamento das vítimas de hanseníase foi criado em São Paulo em 1924, com o Serviço de Profilaxia da Lepra que, mais tarde, tornou-se a Inspetoria de Profilaxia da Lepra.

REGIME RIGOROSO

"A notícia do tombamento é maravilhosa. O Brasil ainda patina para preservar a história de violência a que foram submetidas milhares de pessoas trancafiadas nos leprosários", diz Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase).

De acordo com Custódio, o Estado de São Paulo aplicou um dos regimes mais rigorosos contra os hansenianos, que eram arrancados de suas casas e do convívio de suas famílias para viver nas colônias localizadas em áreas isoladas no interior do Estado.

Por outro lado, arquivos e prontuários médicos dos antigos internos estão bem preservados, o que auxilia em pesquisas e para tentar reunir famílias que foram separadas.

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado, 360 ex-pacientes ainda vivem em instalações dos antigos leprosários de São Paulo.

OUTROS TOMBAMENTOS

O órgão do patrimônio também aprovou a abertura de estudo de tombamento para outras quatro instituições.

O Preventório Santa Terezinha do Menino Jesus, em Carapicuíba --para onde eram levadas as crianças filhas das vítimas da hanseníase-- está nessa lista.

Também serão avaliados o Asilo Colônia Cocais, em Casa Branca, o Asilo Colônia Pirapitingui, em Itu, e o Asilo Colônia Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes.

Para o Condephaat, a preservação "consiste em uma possibilidade de estudar e preservar a memória de um passado doloroso individualmente que foi quase esquecido socialmente, porque era indesejável".


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