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Grevistas encurralam reitor da USP no campus de Ribeirão Preto
Marco Antonio Zago ficou em sala de prédio com acessos cercados por docentes e servidores
Paralisação começou no fim de maio; categorias pedem reajuste salarial, congelado devido a deficit orçamentário
Em visita ao campus de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) nesta sexta (13), o reitor da USP, Marco Antonio Zago, foi encurralado por grevistas na Faculdade de Medicina, onde lecionou como professor titular até o ano passado.
Ele chegou por volta das 10h e entrou pelos fundos do prédio da administração. Grevistas correram na tentativa de cercá-lo, mas Zago entrou num elevador. Ao menos cem pessoas subiram as escadas rumo à diretoria.
Sob os gritos de "Quem não sabe negociar, renuncia", os grevistas ocuparam dois corredores, encurralando o reitor numa sala de reuniões.
Após 15 minutos, Zago decidiu ouvir três servidores: os sindicalistas Fernando Tremura e André Orlandin e a funcionária Lézia Fernandes. Eles debateram por 50 minutos, sem chegar a um acordo.
Em greve desde o fim de maio, funcionários e professores cobram reajuste de 3% e reposição da inflação de 6,78%, totalizando 9,78%.
O aumento, porém, foi congelado em razão do deficit orçamentário da USP. Hoje, ela tem 105% de seus recursos comprometidos com a folha de pagamentos e precisa usar um fundo de reserva.
Zago afirmou que as discussões sobre salário só serão retomadas quando os grevistas liberarem os prédios que fecharam. Ele não comentou o fato de ter sido encurralado.
À Folha, ele disse ser difícil reajustar os salários dos servidores. "Como posso adicionar 9,78% para pagamento de pessoal? Temos mais de 100% de comprometimento com a folha. Acrescentar é aumentar gasto", afirmou.