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Clientes ignoram nova avaliação de higiene para restaurantes

Projeto-piloto da Anvisa entrou em vigor em 26 cidades, mas foi pouco notado por consumidores

Entre pessoas que perceberam presença de adesivos, divisão em categorias 'A', 'B' e 'C' provocou dúvidas

HELOISA BRENHA DE SÃO PAULO JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA

Na disputada praça de alimentação do shopping Center 3, na avenida Paulista, frequentadores almoçavam na sexta (13) sem reparar nos novos adesivos dos restaurantes do estabelecimento.

Os banners da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que separam 2.075 estabelecimentos de todo o país em três categorias ("A", "B" e "C"), começaram a aparecer nos últimos dias.

"Almoço aqui todo dia e não tinha visto a placa", conta a bancária Denise Silva, 25, prestes a fazer seu pedido no Gendai, de nota "C".

A letra indica o grau de higiene do estabelecimento e, com isso, o risco de contaminação da comida. A nota considera, por exemplo, se há controle de temperatura dos alimentos e se estão certos os procedimentos de limpeza.

A avaliação pretende também pressionar por melhorias, ao permitir comparações entre estabelecimentos.

Funcionários do Gendai afirmam que, no dia da vistoria, estavam com menos pessoal e a limpeza atrasou. Ainda assim, dizem que a repercussão da placa foi quase nula. "Está aí desde a semana passada e ninguém ligou", diz o subgerente Vinícius.

A rede afirma, em nota, que "já tomou as devidas providências" e ressalta que outras lojas Gendai tiveram "desempenho satisfatório".

Em Brasília, o novo selo passou desapercebido até por proprietários dos locais fiscalizados e havia dúvidas entre quem percebeu a letra colada.

"Eu vi [o adesivo]. Diz B', mas não diz se isso é bom ou ruim", comenta o geólogo Paulo Guimarães na saída de um café no Distrito Federal.

A nota de cada estabelecimento é determinada pela somatória dos problemas encontrados em vistoria.

Todos os locais que receberam os selos, com qualquer nota, cumprem os critérios mínimos sanitários para funcionar. Dessa forma, o cliente não deve pensar que existem ratos num restaurante "C".

"Isso seria risco iminente [à saúde]; cabe interdição sem processo", explica André Godoy, gerente de alimentos da vigilância sanitária do Distrito Federal. "A lista ["C", "B" e "A"] é dos aprovados: bom, muito bom e excelente", diz.

Onze das cidades-sede da Copa --com exceção de Salvador-- e outros 15 municípios aderiram ao projeto-piloto. Cada cidade decidiu que estabelecimentos fiscalizaria.

São Paulo, por exemplo, escolheu os situados em seis shoppings próximos ao metrô. O selo vale até agosto, quando o projeto será reavaliado e, depois, expandido.

Para Alberto Lyra, diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes, a iniciativa é boa, mas há preocupação sobre a disparidade nas notas --Porto Alegre (RS), por exemplo, não teve notas "A".

CAFETERIA

Favorito do público do Center 3, o Starbucks do shopping também não teve nota máxima. Com o adesivo "B" a dois metros do caixa, consumidores compravam "frapuccinos" sem qualquer inquietude.

Em nota, a rede Starbucks diz não ver "impacto negativo sobre esta nova avaliação". "Das seis lojas avaliadas, cinco foram categorizadas como A'", diz a empresa.

Em Brasília, receberam nota "C" estabelecimentos como o restaurante Piantella --um dos preferidos dos políticos-- e os premiados restaurante Taypá e café Objeto Encontrado. Nenhum deles exibia, até sexta (13), o selo da Anvisa.

Ivone Espiñeira, do Taypá, diz que esperava uma prometida segunda vistoria após a primeira apontar a necessidade de reparos. "Todas [as demandas] foram cumpridas, mas eles não voltaram", diz.

O Objeto Encontrado soube da nota pela reportagem e diz que a regra não está clara. Afirma ainda que o técnico da inspeção disse que a condição do local estava boa.

O Piantella disse que vai se inteirar do tema apenas essa semana. Outros seis locais percorridos pela reportagem em Brasília já tinham os selos, cinco deles com a classe "A".


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