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Foco

Invasão de sem-teto deixa vizinhos curiosos e desconfiados nos Jardins

'Não sabemos quem são', diz moradora; 'até eu queria morar ali', afirma outra

REGIANE TEIXEIRA DE SÃO PAULO

Uma senhora desce tranquilamente a rua Pamplona, no Jardim Paulista (zona oeste de SP), e acena para dentro do prédio de número 935.

Alguns passos depois, ao ser questionada sobre os sem-teto que invadiram a área e estão ali desde quinta-feira (12), dispara: "Acho horrível! Acenei porque eles acenaram primeiro." Sem querer dizer seu nome, afirma que "este bairro não é para isso".

A novidade tem despertado curiosidade, medo e desconfiança dos vizinhos dessa área valorizada, a duas quadras da avenida Paulista, com imóveis cujo metro quadrado custa mais de R$ 10 mil.

A invasão do prédio residencial que estava vazio foi feita pelo MMRC (Movimento de Moradia da Região do Centro) pouco antes do primeiro jogo do Brasil na Copa.

A gerente de negócios Juliana Simões, 33, mora em frente ao local e fotografou a entrada do grupo. "Chegaram fazendo uma batucada. Achei que era uma comemoração da Copa, mas depois colocaram as faixas", conta.

Ela diz estar agora apreensiva para andar à noite. "Não sabemos quem são as pessoas que estão vivendo ali. E quem invade um prédio já mostra qual é sua índole", critica.

A faixa que diz "Sem-teto nas ruas enquanto governos gastam fortunas na Copa. Vergonha nacional" chamou a atenção de Márcia Magalhães Jager, 64, sócia de uma agência de eventos e moradora do bairro. "Esse questionamento é legítimo", diz.

Mesmo assim, ela é contra a invasão. "O prédio tem dono. Sem contar que ouvimos muito falar em sem-teto profissional', gente que não precisa disso realmente. Até eu queria morar num apartamento desses", afirma.

A comerciante Ana Mafre, 56, que tem uma lanchonete na rua e mora na Liberdade, na região central, diz que "alguns deles vêm tomar café aqui às vezes". "Eles não são pobres, são bem vestidos."

Segundo os organizadores, há 150 pessoas no local, entre elas diversos artistas, famílias e 20 crianças. "Vir para um bairro nobre e residencial faz com que a população olhe para esse problema", defende Talitha Bewlay, uma das coordenadoras do MMRC.

A movimentação no prédio, porém, é pequena. A Folha esteve no edifício no sábado (14) e no domingo (15) e não constatou nem metade dos 150 "novos moradores". A maioria dos 29 apartamentos de cerca de 100 m², divididos em 15 andares, estava vazia.

Enquanto alguns sem-teto dormiam, tomavam banho ou faziam comida, crianças brincavam em um dos pátios.

Jovens noruegueses e mexicanos circulavam com câmeras gravando entrevistas com integrantes do MMRC.


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