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Sobe número de salas de aula em hospitais do país

Em 2003, 80 locais tinham classes para crianças internadas; hoje, são 146

Objetivo é que aluno não fique defasado ao ter alta; quantidade ainda é insuficiente, afirma pesquisadora

NATÁLIA CANCIAN DE SÃO PAULO

Para chegar à escola, Lara, 6, só precisa pegar lápis e cadernos e atravessar o corredor. Às vezes, nem isso: com uma professora da rede pública, aprende a ler e escrever no próprio quarto e até na sala de quimioterapia.

Enquanto luta contra a leucemia, ela é um dos cerca de 500 alunos que estudam em hospitais paulistas.

Funciona assim: após a chegada de uma nova criança no hospital, os professores das chamadas "classes hospitalares" contatam a escola onde ela estuda --pública ou particular-- e se informam sobre o conteúdo ensinado.

A partir disso, as aulas são dadas em uma sala no hospital ou no leito das crianças mais debilitadas. Para isso, é preciso autorização médica.

A iniciativa é cada vez mais presente no país. Hoje, ao menos 146 hospitais brasileiros têm aulas para crianças e adolescentes em tratamento.

Há dez anos, eram 80, segundo levantamento feito pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

"Mas ainda é muito pouco", diz Eneida Simões da Fonseca, da faculdade de Educação da universidade. Aos poucos, parcerias de hospitais e escolas da rede pública mudam esse cenário.

Em São Paulo, o número de classes hospitalares subiu de 48 para 60 nos últimos dois anos --maior número no país, seguido por Rio de Janeiro e Paraná.

O modelo também existe em outros pontos do país, como Natal. Lá, as aulas no hospital Giselda Trigueiro começaram em abril. Outros hospitais já demonstraram interesse em receber professores, segundo a supervisora das classes no Estado, Simone Rocha.

Apesar do avanço, o serviço ainda encontra dificuldades e resistência.

"Há alunos que ficam sem aulas por falta de professor no hospital", diz Eneida. Além disso, segundo ela, alguns cursos voltados à formação desses professores focam na doença, e não na didática.

Outra dificuldade é fazer o atendimento ser reconhecido pela escola de origem do aluno. Quando isso não ocorre, professores aplicam uma prova para saber que conteúdos ensinar. Ao final, enviam um relatório das atividades.

"A ideia é que a criança, ao voltar para a escola, não se sinta deslocada nem perca o ano", diz a professora da PUC-PR Elizete Matos.

Após se afastar da escola no 3º ano para tratar um câncer, Beatriz, 10, continuou os estudos no hospital Darcy Vargas, na capital paulista. Um ano e meio depois, já de volta à sala de aula tradicional, ela ainda procura a professora sempre que volta ao hospital para consultas.


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