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Poeta Ivan Junqueira morre no Rio aos 79
Carioca também era jornalista, crítico literário, tradutor e Membro da Academia Brasileira de Letras, que está de luto
Escritor, que ganhou quatro vezes o prêmio Jabuti, deixa dois livros inéditos: um de ensaios e outro de poesia
O jornalista, poeta, tradutor e crítico literário Ivan Junqueira morreu nesta quinta-feira (3), aos 79 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado havia mais de um mês no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, onde se tratava de uma pneumonia. Morreu de falência múltipla dos órgãos.
O corpo do poeta foi velado no Salão dos Poetas Românticos, na Academia Brasileira de Letras (ABL), e sepultado no Cemitério São João Batista.
Junqueira era membro da ABL desde março de 2000. Ocupava a cadeira nº 37, que antes pertencia ao poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999).
O presidente da ABL, o acadêmico Geraldo Holanda Cavalcanti, determinou luto de três dias."Grande poeta, mestre indiscutível nas artes do ensaio crítico e da tradução literária, Ivan deixa um legado que enriquece a nossa tradição e a história literária do Brasil", escreveu Cavalcanti em comunicado.
Junqueira deixou dois livros inéditos, que a editora Rocco vai publicar no segundo semestre. "Reflexos Do Sol-Posto" reúne ensaios sobre a história da literatura brasileira, do romantismo do século 19 aos dias atuais.
"Essa Música" reúne poemas produzidos nos últimos anos. "Acho que é o livro mais bonito da carreira dele. Foi produzido no período de convalescença, resgata um tema constante em sua obra, o embate com a morte", diz o escritor Marco Lucchesi, autor do texto de orelha do livro.
Além de poeta de destaque, Junqueira notabilizou-se por suas traduções de grandes poetas, como T.S. Eliot (1888-1965) e Charles Baudelaire (1821-1867).
Junqueira nasceu em 1934, no Rio. Ingressou nas faculdades de medicina e de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém, não completou os cursos.
Começou a trabalhar na imprensa nos anos 1960. Escreveu críticas literárias e ensaios para "Tribuna da Imprensa", "Correio da Manhã", Folha,"Jornal do Brasil", "O Globo" e outros jornais.
Publicou o primeiro livro de poesia, "Os Mortos", em 1965. Escreveu ainda, entre outros, "Três Meditações na Corda Lírica" (1977), "O Grifo" (1987) e "O Outro Lado" (2007).
"Ele foi um poeta dos poetas, muito sofisticado, com enorme conhecimento técnico", conta o crítico literário Antonio Carlos Secchin.
Junqueira produziu também importantes coletâneas de ensaios, como "Testamento de Pasárgada" (1980), antologia crítica da poesia de Manuel Bandeira, e "Cinzas do Espólio" (2009).
Ele recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira. Deixa a mulher e cinco filhos.