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Moradores se unem contra novos prédios ao lado de parque
Vizinhos e ambientalistas temem a retirada de árvores e a degradação de área de mata atlântica nativa no Burle Marx
Grupo reuniu mais de 5 mil assinaturas e pressiona prefeitura; empresas dizem que projetos seguirão a lei
Os planos de construção de dois empreendimentos na vizinhança do parque Burle Marx abriram uma disputa entre moradores do Panamby, na zona sul de São Paulo, e as construtoras, donas dos terrenos ainda preservados.
Temendo a retirada de árvores, a degradação da área de mata atlântica nativa às margens do rio Pinheiros e a perda de sombra e de vagas de estacionamento do parque, vizinhos e ambientalistas recolheram em quatro meses mais de 5.000 assinaturas contra os dois projetos.
Agora, pressionam a Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público para que eles não sejam liberados.
Nas duas áreas em questão, os moradores estimam haver mais de 5.000 árvores.
O caso levou à abertura de dois inquéritos na Promotoria para apurar a situação dos empreendimentos.
Os projetos da Cyrela e da Camargo Corrêa ainda estão em fase inicial e dependem de autorizações dos órgãos públicos, inclusive os ambientais, para serem feitos.
As empresas não revelam detalhes dos empreendimentos, mas dizem que eles seguirão toda a legislação.
TORRES
Um deles está previsto pela Cyrela para ser erguido em um terreno vizinho ao local, onde hoje existe um estacionamento particular para os usuários --cuja área pertence à construtora.
O projeto foi apresentado ao conselho administrativo do Burle Marx. Apesar de público, o parque, inaugurado em 1995, é administrado por uma fundação privada.
A previsão é que seis torres sejam feitas entre a marginal Pinheiros e a parte principal da área de lazer do parque.
O segundo empreendimento, da Camargo Corrêa, é planejado em uma área em frente à entrada principal do parque Burle Marx, do outro lado da avenida Dona Helena Pereira de Moraes.
O botânico Ricardo Cardim fez um laudo a pedido de moradores afirmando que a região tem os únicos trechos remanescentes na capital paulista de várzeas e florestas inundáveis do rio Pinheiros.
"A área avaliada contempla diversos elementos importantes da biodiversidade original da cidade de São Paulo", escreveu.
A ONG SOS Mata Atlântica encampou a mobilização contra os novos prédios.
O advogado Roberto Delmanto Jr., morador do bairro e um dos líderes da mobilização, diz haver possibilidade de os prédios barrarem a luz do sol, deixando a vegetação do Burle Marx na sombra.
"Essa sombra vai acabar com a praça central do parque, usada por todos os usuários do local."