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Rodeios no interior de SP enfrentam queda de público

Festas de boiadeiro apostam em eventos com menos dias e até em funk e axé para atrair novos visitantes

Faltam novidades no meio sertanejo, dizem organizadores; para professor, modelo não representa tradição

ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO

As festas de peão tradicionais do interior de São Paulo, como as de Americana, Barretos, Jaguariúna e Limeira têm perdido público a cada ano.

O auge dos rodeios no Estado aconteceu nas décadas de 1990 e 2000, junto à popularização da música sertaneja.

Porém, mudanças no comportamento dos frequentadores, ações de entidades de proteção animal, falta de novidades no meio musical e até a Copa agora são apontadas por organizadores como razões para as dificuldades do setor.

Barretos, por exemplo, a 423 km de São Paulo, tem a maior festa do país e estima receber, em 2014, 900 mil visitantes nos 11 dias do evento, mesmo número dos últimos três anos. Na década passada, chegou a públicos de 1 milhão.

Jerônimo Luiz Muzetti, presidente da associação Os Independentes, que organiza o evento, diz que é preciso investir em artistas de outros gêneros musicais.

Neste ano, Barretos aposta na funkeira Anitta, no cantor de axé Bel Marques e na banda de pagode baiana Psirico.

OUTRAS CIDADES

O desempenho do rodeio de Americana, a 127 km da capital paulista, segunda maior festa do estilo no Estado, é outro exemplo.

Neste ano, o número de visitantes, 243,8 mil, foi 30% menor que em 2013. O público do ano passado já havia sido 14% menor que o de 2012.

Apesar de "culpar" a Copa do Mundo por roubar atenção da festa --que acontece entre 14 e 22 de junho--, o presidente do Clube dos Cavaleiros de Americana, Roberto Lahr, diz estudar medidas para o próximo ano.

Segundo ele, "apesar de alguns [artistas], como Luan Santana e Gusttavo Lima, ainda renderem público, eles não são mais novidade."

Marcelo Coghi, presidente do rodeio de Limeira (a 151 km de São Paulo), que no ano passado teve público 12,5% menor que em 2012, já reduziu de sete para seis os dias de festa, para concentrar as atrações e manter o público.

O rodeio de Jaguariúna (a 123 km da capital paulista), que teve cerca de 100 mil visitantes em cada uma das últimas três edições, mudou de maio para setembro, mês do aniversário da cidade. Assim, a organização será feita em parceria com a prefeitura.

CULTURA CAIPIRA

José Leonardo do Nascimento, professor de história da arte da Unesp com especialização em cultura caipira, afirma que o declínio do público nas festas "escancara" que o modelo não representa os costumes e tradições do caipira brasileiro.

"Assim como outras cópias que fizemos da cultura americana, os rodeios hoje já não exercem atração no público", diz. "Como não representam a cultura ou história de um povo, não há identificação."

Nos últimos cinco anos, os rodeios foram alvos de ações na Justiça movidas por entidades protetoras dos animais.


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