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Campanha virtual para criança doente arrecada até R$ 2 mi

Pais e voluntários criam páginas na internet para angariar recursos para cirurgias e até encontrar doadores de órgãos

Mobilizações em redes sociais aumentaram desde o caso da bebê Sofia, que obteve verba para se tratar nos EUA

NATÁLIA CANCIAN DE SÃO PAULO

Pedrinho tem dez meses e 200 mil seguidores na internet. Às vezes, apoiado em travesseiros na cama, olha curioso para as fotos que a mãe lhe mostra no computador.

É ali que a supervisora comercial Aline da Lavra, 34, narra a rotina do filho no hospital Sabará, em São Paulo, enquanto voluntários a ajudam numa campanha virtual para arrecadar R$ 2 milhões.

Segundo a mãe, essa é a quantia estimada para tentar recuperar a saúde do menino, que sofre da síndrome do intestino curto e precisa de um transplante do órgão --pouco comum no Brasil.

Antes dele, uma garotinha chamada Sofia, de Sorocaba, (interior de SP) arrecadou valor semelhante em doaçõespara tratar nos EUA uma síndrome rara que afeta o funcionamento de vários órgãos.

Recentemente, sua família venceu uma ação na Justiça para que a União bancasse o tratamento da menina no exterior. Os valores extras devem ser usados para despesas de moradia, transporte e demais remédios, segundo a mãe, Patrícia Lacerda, 27.

Agora, inspirados em Sofia, mais pais criam campanhas e redes de apoio para para custear o tratamento dos filhos.

Ao menos dez páginas semelhantes à da garotinha foram criadas nos últimos dois meses. Entre as mais famosas, estão a de Pedrinho e a de Marina (veja quadro abaixo), também internada no Sabará.

Para tentar ajudá-los, pessoas de diferentes partes do país fazem bazares, leilões e até festas juninas virtuais --a última rendeu R$ 20 mil.

Na Copa, voluntários também fizeram pedágio em Fan Fests, como na do Rio. "Recebi várias cartas de crianças, com moedinhas", diz Aline, cujo filho recebeu apoio na internet até do jogador David Luiz, da seleção.

Em meio à profusão de páginas em redes sociais, surgem grupos organizados de voluntários, numa espécie de rede de "ajuda em um clique".

É o caso do grupo 20 Mil Amigos, cujo número era uma estimativa de quantas pessoas precisavam colaborar para que Sofia chegasse ao valor do tratamento no exterior.

Após ajudar a menina, o grupo agora se dedica a 15 outras crianças --voluntários verificam os casos e dão apoio em doações de roupas, de dinheiro ou para assistência jurídica, por exemplo.

"Nunca imaginei que pudesse fazer isso", diz Eleonora Ducerisier, 35, uma dos 23 voluntários do grupo.

Surpresa semelhante tiveram os pais de Maria Eduarda, de dez meses, nove deles no hospital. Após seu estado de saúde se agravar, ela entrou na fila para um transplante de medula --e na internet para buscar doadores.

Na última semana, o movimento no Hemocentro de Caxias do Sul (RS), onde moram, chegou a cem pessoas por dia --antes, eram 20, segundo funcionários do local. "Avisamos que não necessariamente será para ela, mas pode ajudar outras pessoas", diz o pai, Moisés Perssine, 28.

RISCOS

Ainda que possam ser uma esperança para algumas crianças, o avanço das campanhas virtuais também pode trazer riscos.

O diretor da ONG SaferNet, Rodrigo Nejm, alerta para o risco de voluntários caírem em golpes, como páginas falsas para arrecadar recursos.

Uma dica é verificar a origem dos pedidos e se a campanha tem participação direta de pessoas da rede de contatos. Já os pais precisam ficar atentos e evitar a exposição excessiva das crianças.

Essa era uma das principais preocupações da mãe de Sofia. "Fiquei receosa", conta. "A campanha foi a forma de gritarmos para o mundo que precisávamos de ajuda para salvar uma vida."


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