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Investigação põe 30 policiais sob suspeita de elo com PCC

Nomes de PMs e civis foram citados ou flagrados em grampos durante 6 meses

Dados de contabilidade apreendidos reforçam ligação com facção criminosa; casos serão levados à corregedoria

ROGÉRIO PAGNAN DE SÃO PAULO

A investigação da Polícia Civil de São Paulo sobre a facção criminosa PCC identificou a ligação de dezenas de policiais civis e militares com integrantes da quadrilha.

Segundo a Folha apurou, em torno de 30 policiais (a maioria militares, de várias regiões da capital) estão sob suspeita após terem sido flagrados ou citados em interceptações de criminosos feitas pelo Deic (departamento que investiga crime organizado) durante seis meses.

Os casos envolvem, por exemplo, pagamento de propina para que os policiais ignorassem pontos de venda de drogas e extorsão contra integrantes da facção --exigência de certa quantia para a liberação de um suspeito ou droga apreendida.

A operação é uma das maiores já feitas pela Polícia Civil contra a facção criminosa e já resultou, desde terça-feira (8), na prisão de pelo menos 39 suspeitos --nenhum deles era policial.

O foco da polícia paulista desta vez está no chamado "centro operacional e financeiro" do PCC --criminosos responsáveis pelo gerenciamento do dinheiro da facção.

Também foram aprendidos 102 kg de cocaína, 40 kg de maconha, além de armas (incluindo fuzis) e 16 veículos. A operação deve continuar nesta segunda (14).

CONTABILIDADE

Na última semana, as equipes do Deic apreenderam registros da contabilidade dos criminosos e, neles, há menção a pagamentos que reforçam as suspeitas de corrupção contra parte dos policiais cujos nomes já tinham aparecido na investigação.

Os casos estão sendo encaminhados agora para as Corregedorias da Polícia Militar e Polícia Civil, já que as apurações do Deic eram mantidas em sigilo da própria polícia.

Serão as equipes das corregedorias as responsáveis pelas eventuais prisões e afastamento desses policiais.

A Folha apurou que até um policial do próprio Deic chegou a ser afastado das investigações porque seus superiores suspeitaram de sua ações.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que não se manifestaria por se tratar de investigação ainda em andamento.

A pasta disse, porém, que nenhum dos mandados de prisão ou busca e apreensão já realizados por enquanto teve policial como alvo.

Ela ainda não revelou detalhes da operação em andamento nem os nomes dos presos sob a justificativa de não atrapalhar as diligências.

LIVRO-CAIXA

Uma série de reportagens publicadas pela Folha em 2012 revelou que nos "livros-caixas" da facção PCC havia registros de pagamentos feitos a policiais militares e civis de várias cidades.

Segundo os relatos registrados em 400 documentos apreendidos pela polícia e pelo Ministério Público, incluindo planilhas digitais, os criminosos falavam de PMs que ajudavam até na realização de alguns roubos.

Os livros-caixas não registravam os nomes de policiais, mas apenas as unidades onde eles trabalhavam.

Os pagamentos citados na época aos policiais atingiam valores de até R$ 615 mil.

O número de criminosos contabilizados pela facção criminosa no Estado inteiro atingiu 1.343 integrantes.

O ex-secretário da Segurança Antonio Ferreira Pinto afirmava, na época, que o PCC se limitava a "30 ou 40 indivíduos" já presos.

Na ocasião, as ações contra a facção criminosa eram concentradas em equipes da Rota (grupo de elite da PM). Algumas terminaram em morte de criminosos e resultaram em ataques a policiais.

A investigação contra o PCC agora voltou a ser concentrada na Polícia Civil.


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