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Após morte de bebê, grupo liberta presos e queima delegacia na Bahia

Revolta ocorreu em cidade do interior após menina de um ano e meio ser atingida por bala perdida

Segundo moradores, tiro foi dado por um policial; há suspeita de que traficantes tenham se infiltrado no protesto

JOÃO PEDRO PITOMBO DE SALVADOR MARTHA ALVES DE SÃO PAULO

A cidade de Amargosa, a 250 km de Salvador, viveu uma noite de revolta e vandalismo na quarta-feira (16) após a morte de uma menina de um ano e meio de idade. Ela foi atingida por uma bala perdida, disparada durante uma perseguição policial.

A delegacia da cidade foi invadida, e os agentes tiveram de fugir. Homens não identificados pela polícia roubaram armas, soltaram 14 presos e incendiaram o prédio. Não houve feridos.

Até a noite desta quinta (17), três dos presos libertados se entregaram, dois foram recapturados e um menor, apreendido. Parte das armas levadas foi recuperada.

Pelo menos 30 motos e 12 carros que estavam sob a guarda da polícia foram queimados. Outros quatro carros particulares, um ônibus escolar e um caminhão a serviço da concessionária de energia foram incendiados.

A polícia suspeita que traficantes infiltrados no ato pacífico realizado após a morte do bebê tenham danificado a delegacia e os veículos.

Temendo represálias, a delegada, o juiz e o promotor passaram a noite num hotel.

A situação se normalizou por volta das 21h, depois que cerca de cem policiais de cidades vizinhas e batalhões especializados de Salvador foram enviados a Amargosa.

Em dia normal, a cidade, que tem cerca de 37 mil habitantes, é patrulhada por quatro policiais militares.

A perseguição policial que resultou na morte da criança ocorreu no final da tarde de quarta no bairro de Catiara.

Um agente da polícia civil voltava para casa quando viu um suspeito de tráfico de drogas que estava foragido.

Na perseguição, o suposto traficante entrou na casa de um morador, onde houve troca de tiros. Um dos disparos atingiu a cabeça da menina, que estava no colo do pai. O corpo dela foi enterrado na tarde desta quinta-feira (17).

Moradores disseram à polícia que o tiro que atingiu a garota foi dado pelo policial.

A prefeita de Amargosa, Karina Silva (PSB), classificou a morte como uma tragédia anunciada.

"Há meses denunciamos o aumento da violência na cidade por causa de disputas de gangues de traficantes. Mas não houve nenhuma providência", afirmou.

Responsável pela investigação do caso, o diretor do Depin (Departamento de Polícia do Interior), Moisés Damasceno, disse que nunca viu uma situação parecida.

"É uma novidade, talvez resultado da onda de manifestações com agressividade que o país tem vivido desde o ano passado", disse.

O agente envolvido no caso se apresentou nesta quinta-feira (17) na sede da corregedoria da Polícia Civil, em Salvador, onde prestou depoimento e teve a arma recolhida para perícia.

Ele foi afastado de suas funções até a conclusão das investigações. Seu nome não foi revelado.

A corregedora-chefe da Corregedoria da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, está em Amargosa para ouvir testemunhas.

O crime e os atos de vandalismo serão investigados por 30 agentes da Polícia Civil.


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