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Cidade na Bahia que foi palco de revolta vive clima de justiçamento

Após a morte de bebê, moradores de Amargosa destruíram a delegacia e queimaram carros

Disparo teria partido de arma de policial durante perseguição a suspeito, segundo a família da vítima

Amargosa (BA) foi tomada por um clima de justiçamento após um bebê ser atingido por uma bala perdida dentro de casa. A morte desencadeou uma onda de vandalismo, incluindo a destruição de quase 50 carros e da delegacia.

Vizinhos da família da vítima espalharam pela cidade, a 250 km de Salvador, fotos do policial suspeito de disparar o tiro durante uma perseguição e ameaçam linchá-lo caso volte à cidade.

"Se ele aparecer por aqui, não vai precisar de homem para pegar. As próprias mulheres vão bater nele até morrer", disse uma vizinha da vítima, que não quis se identificar.

Na casa da família há uma faixa com os nomes dos policiais envolvidos no caso.

A sede de justiça é compartilhada por outros moradores da cidade, sobretudo no bairro da periferia onde Maria Vitória Souza Santos, de um ano e meio, morava. Ela foi assassinada na quarta (16).

O medo tomou conta dos moradores. "Estamos reféns da insegurança", afirma o comerciante Adno Rezende, 52.

A delegada titular de Amargosa, Glória Isabel Ramos, será realocada em outra cidade.

O pai de Maria Vitória, o comerciante Luiz Carlos da Silva, 23, conta que estava no sofá de casa com a filha no colo, quando o imóvel foi invadido pelo policial e por Bruno, um vizinho, que fugia.

Segundo testemunhas, o policial confundiu Bruno com um irmão dele, que é suspeito de homicídio e está foragido. Tanto a família da vítima quanto vizinhos dizem que não houve troca de tiros.

Em depoimento na Corregedoria da Polícia Civil, em Salvador, o policial Carlos de Jesus Cardoso, suspeito de ser o autor do disparo, disse que trocou tiros com Bruno e entrou na casa da vítima, que estava com a porta aberta. Porém, ele nega que tenha aberto fogo dentro do imóvel.

REVOLTA

Os vizinhos saíram em passeata rumo à delegacia e fecharam uma das saídas da cidade queimando pneus.

Ao chegarem ao local, algumas pessoas incendiaram carros estacionados. "Foi para chamar atenção. Se não fizessem isso, duvido que governo e imprensa viessem aqui", diz a aposentada Regina Alves, 47, vizinha da vítima.

Parte do grupo invadiu a delegacia, que já estava vazia, e abriu a carceragem. Os funcionários deixaram o prédio quando os carros começaram a ser queimados.

O pai da menina diz que estava no hospital quando os distúrbios começaram e que, ao chegar à delegacia, tentou impedir a destruição do prédio, mas não foi ouvido.

A polícia, contudo, sustenta que havia traficantes infiltrados no protesto, que seriam responsáveis pela depredação e pela libertação de 14 presos.

"Havia homens armados e encapuzados", disse o diretor do Depin (Departamento de Polícia do Interior), Moisés Damasceno.

Até a noite de sexta (18), nove foragidos haviam sido recapturados. Um homem foi preso sob suspeita de roubar um notebook da delegacia e um jovem, apreendido por portar armas da polícia.


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