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Grupo quer criar cooperativa de catadores de pelo

Pesquisa descobre que pelo de poodle pode virar tecido; ideia é fazer roupas para cães

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

Catadores de pelo de cachorro. É a mais nova modalidade de cooperativa de reciclagem que pretende recolher o material da tosa em pet shops e transformá-lo em roupas de animais.

O projeto de transformar pelo em tecido começou em uma escola do Senai em 2008 e ganhou legitimidade após pesquisa na USP demonstrar que o material é similar ao da lã de carneiro e pode passar pelo processo de fiação.

"Um leigo não conseguiria diferenciar um do outro", diz Renato Lobo, que realizou o estudo com pelo de poodle em sua dissertação de mestrado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).

Segundo ele, há similaridade entre os dois em relação à maciez, tingibilidade (capacidade de receber corante), alongamento, absorção de líquido e isolamento térmico.

Agora, a proposta é montar uma cooperativa de catadores de pelo seguindo o mesmo modelo das que hoje reciclam latinhas e papelão. Lobo diz que há negociações com três dessas cooperativas para possível parceria.

Hoje, o pelo é descartado no lixo pelos pet shops. A ideia é que, após a coleta, limpeza e fiação, ele vire roupinhas para animais que serão vendidas também nas lojas. "Estamos em contato com ONGs que produzem essas roupas para pets para apresentar o tecido feito de pelo."

Estima-se que vivam na cidade de São Paulo cerca 14 milhões de animais de estimação. Há cerca de 4.800 lojas que vendem itens para eles.

"A procura por roupas de pets é grande, principalmente no inverno. Tenho certeza de que haverá interesse porque as pessoas adoram uma novidade. O que mais sai são as capinhas ", diz o veterinário Sergio Soares Júnior.

PELO CANINO

Segundo Lobo, no caso do poodle, são necessários 500 kg de pelo para fazer mil quilos de fios. Na tosa, cada animal produz cerca de 700 g de pelo por ano. Cada peça de roupa pesa em torno de 200 g, ou seja, com 1 kg de pelo será possível fazer cinco peças.

Do ponto de vista técnico, explica, a única diferença entre o pelo do poodle e a lã do carneiro é o comprimento da fibra--mais curta no primeiro. Mas essa diferença não altera o processo de fiação porque há um maquinário próprio para fibras mais curtas.

No mestrado, Lobo produziu um quilo de fio, composto por 50% de pelos de poodle e 50% de acrílico.

Ele conta que vem aperfeiçoando a técnica desde 2008 com seus alunos do Senai.

"Começamos na tentativa de erro, usando 25% de pelo de poodle e 75% de acrílico. Fizemos diversos testes e ajustes, até chegarmos à porcentagem ideal", conta.

O projeto já foi divulgado em feiras de inovação no Brasil e em congressos na Croácia e na Alemanha. Não foi estudada a viabilidade têxtil do pelo de cães de outras raças.

E roupas para humanos? "Há viabilidade técnica, mas não sei se haveria aceitação. As pessoas usam casacos de couro, mas não sei se aceitariam roupas de pelo de cão. De animal para animal, fica mais fácil."


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