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Foco

Shopping de SP libera entrada de transexuais em banheiro feminino

Administradora afirma que foi impedida por segurança de usar sanitário no início do ano

GIOVANNA BALOGH DE SÃO PAULO

Após quatro transexuais terem sido impedidas de usar o banheiro feminino no Center 3, na avenida Paulista, em janeiro, o shopping tornou livre, a partir deste mês, o uso dos dois sanitários.

A mudança, feita após acordo com a Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania, divide a opinião de frequentadores do local.

A vendedora Cristiane Purcino, 22, afirma que não se sentirá à vontade ao dividir um banheiro com um travesti. "Não que eu seja preconceituosa, não é isso, mas acho que homem é diferente de mulher e cada um tem o seu próprio banheiro", disse.

Já a bancária Cláudia Rea Pieroni, 41, diz não se sentir incomodada com a medida. "Não me sinto desconfortável com a presença de um transexual no banheiro", afirmou.

A mudança ocorreu após a administradora de sistemas Aline Freitas, 34, e outras três amigas transexuais relatarem que foram constrangidas por seguranças do centro de compras ao usar o banheiro feminino no começo do ano.

Segundo Aline, um segurança disse a uma de suas amigas que ela que teria de usar o "banheiro masculino porque era homem". O caso repercutiu nas redes sociais e um ato reuniu 60 pessoas na praça de alimentação do Center 3.

Procurada, a assessoria do shopping enviou uma nota sobre a mudança nos banheiros, dizendo que "a medida é coerente com a política do shopping sobre o respeito à diversidade e individualidade de todas as pessoas".

Para Aline, que espera que a iniciativa passe a valer em outros banheiros públicos, a mudança é uma vitória contra o preconceito.

"O Center 3 fica no coração da cidade. E o que acontece na Paulista é palco para o resto", afirmou.

Casos como o de Aline já ocorreram outras vezes. Em 2012, o cartunista Laerte Coutinho, que se veste de mulher, foi censurado por uma cliente e por um dos sócios de uma pizzaria em São Paulo por ter usado o banheiro feminino.

O caso ganhou repercussão e Laerte entrou com um processo na Justiça. Dias depois, um projeto de lei para criar um banheiro unissex para uso de homossexuais e travestis chegou a tramitar na Câmara, mas a proposta não seguiu adiante na Casa.

A coordenadora estadual de políticas para diversidade sexual, Heloisa Gama Alves, considera a iniciativa positiva, principalmente pelo local receber grande público LGBT.

Ela recomenda que os transexuais usem o banheiro do gênero com o qual eles se identificam.

"No caso do Center 3, as meninas entraram no banheiro feminino porque se reconhecem como sendo do gênero feminino", afirma.

Os funcionários do centro de compras também passaram por treinamento para aprender a lidar com o público LGBT e tornar o local "gay friendly" (amigável aos gays).

O diretor de relações institucionais da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), Luís da Silva, diz que o transexual é quem vai decidir qual banheiro usar.

"O espaço nos shoppings cada vez é mais caro e não se cogita fazer uma terceira opção de banheiro", comenta.


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