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Sebastião Amaro dos Santos (1934-2014)

Mestre Tião e o samba de matuto

ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULO

Os mais jovens às vezes até riam da paixão de Sebastião Amaro dos Santos pelo samba de matuto, tradicional folgueto da cultura alagoana. Diziam que era "coisa feia".

Mestre Tião não se importava com o falatório. O que o entristecia mesmo era a falta de interesse dos conterrâneos em manter viva a tradição.

Durante décadas, fez parte do grupo de samba de matuto Leão da Primavera, do município de Maragogi, no litoral norte de Alagoas.

Era o puxador, responsável por entoar as melodias, acompanhado pelos instrumentistas e pelas baianas, que, dançando com seus vestidos coloridos, repetem os versos ditos pelo mestre.

As frases normalmente falavam de religiosidade ou de temas do cotidiano, mas podiam surgir de repente na cabeça do analfabeto Tião.

Há dois anos, recebeu o título de "Patrimônio Vivo de Alagoas", um reconhecimento aos mestres que divulgam o saber popular do Estado.

Passou então a receber uma "bolsa de incentivo vitalício", no valor de um salário mínimo e meio. Tião e os companheiros do Leão da Primavera raramente eram pagos pelas apresentações. Para sustentar a família, trabalhava como tirador de coco.

Apesar das dificuldades, nunca reclamava de nada. Era de ficar mais quieto, mas não perdia a oportunidade de brincar com Maria Fátima, sua companheira nos últimos 27 anos e baiana do grupo de samba de matuto.

Morreu na segunda (28), aos 80, após um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa a viúva, mãe de um de seus seis filhos --dois já são falecidos--, netos e bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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