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Base aliada de Haddad cria CPI sobre crise da água
Investigação da atuação da Sabesp na cidade abre guerra política com PSDB
Para tucanos, comissão é 'eleitoreira', pois coincide com campanha ao governo; aliados do prefeito negam
A Câmara Municipal de São Paulo instaurou nesta quarta (6) uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar a atuação da Sabesp na capital paulista.
A iniciativa, da base do prefeito Fernando Haddad (PT), abriu uma guerra política, com troca de acusações entre aliados do prefeito e o PSDB.
A comissão vai durar 120 dias, coincidindo com o período eleitoral. A Sabesp pertence ao Estado, dirigido por Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição. O autor do requerimento, Laércio Benko (PHS), também é candidato.
"A Sabesp tem contrato com a prefeitura e tem a obrigação de se explicar", afirmou o vereador.
O sistema Cantareira, que abastece boa parte da Grande São Paulo, vive a maior crise de sua história. Medidas de economia, como a redução da pressão da água em até 75% à noite, coincidem com reclamações de desabastecimento em vários bairros.
As queixas estarão entre os itens investigados, diz Benko, assim como o gerenciamento dos recursos da estatal. "Como a Sabesp não teve dinheiro para investir na manutenção e tem para distribuir lucros na Bolsa de Nova York?"
Os tucanos acusam a base de criar uma CPI "eleitoreira".
"PT e o PMDB combinaram de apoiá-la porque havia uma orientação das duas campanhas majoritárias, do Alexandre Padilha [PT] e do Paulo Skaf [PMDB], para tumultuar a campanha do Geraldo [Alckmin]", disse o vereador Floriano Pesaro (PSDB).
Para ele, a proposta não teria sido apoiada em outras ocasiões, mas os dois partidos decidiram que "era o momento certo". "Benko é candidato ao governo. Se tivesse o mínimo de decência, se sentiria prejudicado de fazer uma CPI contra outro candidato."
Benko negou a motivação política e disse que o assunto gera "desespero no PSDB".
Líder do PMDB, Ricardo Nunes afirmou que o partido é a favor da CPI desde o início do ano e que não dá para esperar acabar a eleição para debater o tema. "Há uma situação de calamidade pública."
Para o petista Paulo Fiorilo, são os tucanos que tentam politizar a questão para tirar o foco das investigações.
"O PSDB parece ter dificuldade de enfrentar investigações. Na Assembleia [onde Alckmin tem maioria], não deixa uma CPI investigar as denúncias de cartel nos trens."
Dos 55 vereadores, 30 foram a favor da CPI e nove contra --outros não votaram.
Entre os partidos favoráveis estão também o PSD de Gilberto Kassab e o PP de Paulo Maluf, que apoiam Skaf.
Para criar a CPI, a base aliada aprovou um requerimento para que passasse à frente de outras na fila. Ainda não há sessões marcadas. Os nove integrantes serão escolhidos nos próximos dias.
A Sabesp não quis se pronunciar sobre o assunto.