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Pedófilo deve receber tratamento para a doença, afirma psiquiatra

Especialista não é contra prisão, mas diz que ciência é essencial para evitar novos crimes

'Pedofilia é talvez, a doença mais estigmatizada da medicina', declara o médico Danilo Baltieri

RICARDO FELTRIN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma das principais autoridades do mundo em tratamento de distúrbios sexuais, o psiquiatra Danilo Antonio Balteiri diz que pedófilos devem ser tratados para que não cometam novos crimes e sejam reinseridos à sociedade.

"Nenhum especialista em pedofilia ao redor do mundo é contrário à pena de prisão", afirma. "Somos contrários à falta de abordagem médica e psicossocial especializada para tratar a doença."

Baltieri, que já tratou gratuitamente de pedófilos menores de idade da extinta Febem --atual Fundação Casa--, falará nesta quinta (14) em uma mesa-redonda sobre crimes sexuais na Faculdade de Medicina de Santo André.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida à Folha.

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Folha - A sociedade em geral não vê o pedófilo como um doente, mas sim como um criminoso pura e simplesmente. Já um viciado em drogas ou sexo é tratado como doente. Por que pesos e medidas diferentes para doenças?
Danilo Antônio Baltieri - A pedofilia é um transtorno mental de difícil diagnóstico e tratamento, sendo, talvez, a doença mais estigmatizada de toda a medicina.
Embora muitas vezes o portador da doença tenha plenas habilidades cognitivas para entender o certo e o errado, algumas vezes não tem total capacidade de controlar seus impulsos sexuais desviados.
Nenhum especialista em pedofilia do mundo é contrário à pena de prisão; somos contrários à falta de abordagem médica e psicossocial especializada para tratar a doença, melhorar a qualidade de vida do portador, promover sua real reinserção social e reduzir o risco de reincidência.

Como tratar criminosos sexuais em meio a preconceito social?
O papel do médico não é julgar o seu paciente, mas auxiliá-lo no manejo do seu problema e proporcionar a sua recuperação. Se um portador de dependência de cocaína, por exemplo, começa a apresentar comportamentos antissociais, o médico deve estabelecer o tratamento objetivando a recuperação global do seu paciente, inclusive a cessação de comportamentos socialmente lesivos.

Como a sociedade pode se defender de criminosos sexuais?
Seguramente, a medicina tem o seu papel nesta empreitada, mas sozinha não conseguirá este objetivo. O crime requer intervenção multidisciplinar e interdisciplinar. Se o criminoso é portador de um transtorno mental, e este fato está relacionado com a comissão do crime, ele deve receber tratamento adequado não apenas para impedir uma nova atividade nociva, mas também para atingir seu bem estar.

Que conselho daria a um criminoso sexual arrependido que quer se entregar?
Se o indivíduo cometeu um crime, é moralmente defensável que se entregue à Justiça. Se além disso for portador de um transtorno mental, deve também procurar um médico especialista. Sob nenhum aspecto, deve haver uma queda de braços entre a ciência médica e o direito. Se isso ocorre, todos são prejudicados, inclusive futuras vítimas de crimes sexuais.


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