Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Foco
Jovens fazem diagnóstico das falhas na educação no Brasil
SABINE RIGHETTI DE SÃO PAULOA taxa de analfabetismo entre adultos no Brasil tem caído nas últimas duas décadas e a educação pública básica já é capaz de atingir praticamente todas as crianças. Mas por que a escola por aqui ainda é tão ruim?
Essa pergunta foi feita por um grupo de dez jovens empreendedores brasileiros --metade deles com passagem por Harvard (EUA), a melhor universidade do mundo-- a cem representantes de vários setores do Brasil.
A ideia foi levantar problemas e apontar soluções. Tudo isso foi reunido no manifesto "Mapa do Buraco", lançado nesta sexta-feira (15).
Uma das questões apontadas é a baixa atratividade da carreira docente no Brasil.
"O professor brasileiro ganha mal e não tem status na sociedade", diz Renan Ferreirinha Carneiro, 20, estudante de economia em Harvard, com bolsa da Fundação Estudar, e um dos idealizadores do projeto.
De acordo com o diagnóstico, apenas 2% dos estudantes brasileiros pensam em ser professores. Em países como Finlândia e Coreia do Sul, donos dos melhores indicadores de ensino do mundo, essa taxa é de 30%.
Entre os cem consultados há personalidades públicas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o empresário Jorge Paulo Lemann (Ambev e Burger King) e pessoas como Geraldo Almintas, professor de matemática da rede pública de Dores Turvo (MG), cidade campeã na olimpíada de matemática.
Os especialistas também destacaram o baixo investimento por aluno no Brasil.
"A escola falha e perdemos gente no caminho", diz Eduardo Lyra, 26, empreendedor social que também lidera o projeto.
Filho de um ex-detento, ele cresceu em uma favela de São Paulo e diz que se manteve na escola por insistência da mãe. "Mas sou uma exceção. A maioria dos alunos pobres não tem a mesma sorte."