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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Ex-médico foi julgado pela lei antiga de estupro

DE SÃO PAULO

O julgamento do ex-médico Roger Abdelmassih, condenado em 2010 a 278 anos de prisão, foi um dos primeiros após lei de 2009 que mudou o Código Penal e passou a tratar todos os casos de abuso sexual como sendo estupro.

Pela legislação anterior, estupro era a violência sexual praticada contra uma mulher e apenas quando havia "conjunção carnal".

As outras formas de sexo forçado (como oral ou anal) e abusos eram classificados como "atentado violento ao pudor". Apesar dos nomes diferentes, a pena prevista era a mesma --seis a dez anos de prisão.

A denúncia (acusação formal) do Ministério Público contra Abdelmassih, feita em agosto de 2009, já considerava a nova nomenclatura da legislação.

Mas, apesar disso, a juíza Kenarik Boujikian Felippe utilizou a regra antiga pelo princípio jurídico de que mudanças na lei não podem prejudicar o réu.

As acusações foram feitas por 39 mulheres que relataram 56 investidas entre 1995 e 2008. Ele foi absolvido em oito casos.

Os ataques foram em sua clínica e a maioria relatou que eles ocorriam depois de procedimentos clínicos. Uma das vítimas era funcionária dele.

Na maioria dos casos, acusam o ex-médico de usar a força para beijá-las e fazer carícias. Duas vítimas relataram ter havido penetração. Em outra acusação houve tentativa de penetração, não consumada porque a vítima fugiu.

Dessa forma, a maior parte dos ataques foi considerada pela juíza como "atentado violento ao pudor", punido com a pena mínima prevista para o crime --seis anos de prisão.

Como as penas eram iguais às do estupro mesmo antes da mudança na lei, não haveria alteração na condenação com a nova regra.

O principal argumento da defesa é que não há provas. Os advogados também dizem que atos como beijar e passar a mão não podem ser considerados atentados violentos.

A tese foi rejeitada pela magistrada.

"Todo mundo sabe diferenciar entre um beijo sexual e um beijo, todo mundo sabe que tocar o corpo de forma lasciva é bem diferente do que apenas colocar a mão em alguém", afirmou ela na sentença.


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