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João Pereira da Luz (1952-2014)

Paraibano, foi poeta no sertão de Pernambuco

LEANDRO MACHADO DE SÃO PAULO

Quando dirigia, o poeta João Paraibano não passava de 70 km/h. Nem mesmo nas estradas desertas e poeirentas do sertão de Pernambuco, onde morava desde 1976.

Alguns meses atrás, pegou carona com o genro para ir para casa. Com carro potente, Sebastião acelerou até os 100 km. Medroso, o poeta reclamou da velocidade. Então criou, no veículo, um versinho que o genro lembra bem:

"Vou contar um segredo/ dessas estradas que você não conhece/ Dia e noite/ volta e meia/ a gente encontra um boi deitado na pista/ depois de uma lombada dessas/ esquentando a barriga no asfalto quente."

"Tudo para me convencer a não correr na estrada. Ele compunha em qualquer lugar", conta Sebastião.

João nasceu em Princesa Isabel (PB). Ainda tinha o nome de João Pereira da Luz.

Nos anos 70, adotou Afogados da Ingazeira, cidade de 36 mil habitantes incrustada no sertão de Pernambuco. Viveu lá até morrer.

Repentista, fez da região mote para seus poemas cantados. "Ele era um paisagista do sertão, falava dele como ninguém, de sua riqueza, dos pássaros, dos animais", lembra-se Sebastião.

João nunca frequentou escola formal, era autodidata. Criava suas músicas no improviso, sempre.

Era um dos principais repentistas do país e frequentou dezenas de festivais em vários Estados.

O repentista passava três meses por ano se apresentando na capital paulista, contratado por fãs nordestinos que vivem em São Paulo.

Morreu no Recife, na segunda-feira (1°), aos 62 anos, vítima de uma infecção generalizada. Deixa mulher, três filhos e três netos.


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