Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Bienal revela rotina de 'guerra' por trás de exposições em SP

Nesta edição, boa parte das obras foi criada no próprio pavilhão, no Ibirapuera, duas semanas antes da abertura

Devido ao sucesso da mostra sobre o 'Castelo Rá-Tim-Bum', no MIS, ambiente passou por diversas adaptações

LETÍCIA MORI DE SÃO PAULO

Como se estivesse prestes a iniciar uma cirurgia, uma produtora do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, explica aos assistentes: "A partir de agora, ninguém pode tocar em nada sem usar luvas".

Um deles desaparafusa a tampa de uma caixa de madeira de três metros de largura. Dentro, depois de camadas de material isolante, estão diversas caixas menores.

Carla Ogawa retira de dentro de uma delas uma máscara africana protegida por um tecido especial, vinda do museu do Quai Branly, na França. Ela faz parte da mostra "Histórias Mestiças", em cartaz no instituto, localizado na zona oeste da cidade.

A execução de grandes exposições é um processo longo e burocrático que leva até dois anos. A abertura das obras é a etapa mais crítica.

"Qualquer descuido pode danificar obras de valor inestimável", diz Maria Ignez Mantovani Franco, presidente e criadora da Expomus, empresa paulista que monta exposições sob encomenda.

No fim de semana de abertura da 31ª Bienal de São Paulo, a Folha mostra o trabalho que está por trás de grandes exposições da capital.

Normalmente, a colocação das peças dura uma semana, e a montagem da expografia --os ambientes nos quais estarão dispostos os trabalhos--, cerca de um mês.

Na Bienal, a montagem da expografia foi no início de agosto. O pavilhão parecia um canteiro de obras. Uma empilhadeira passava entre as colunas do segundo andar, e o prédio, no parque Ibirapuera (zona sul), vibrava.

"Era muito mais fácil quando você só colocava uma fotografia na parede", desabafa a coordenadora-geral de projeto e produção da Bienal, Dora Silveira Corrêa.

Nesta edição, 64% das obras foram pensadas para o evento e boa parte criada no próprio prédio, duas semanas antes da abertura. Alguns dos cerca de cem artistas dão instruções para as instalações e só veem os trabalhos quando prontos --não é incomum pedirem mudanças.

Tanto para obras contemporâneas quanto para pinturas do século 17, o translado é outro momento crítico. Como as peças não podem ser deitadas, as mais altas viajam de navio ou em aviões cargueiros. Foi o caso de duas pinturas com mais de 2,80 m do holandês Albert Eckhout que vieram da Dinamarca para "Histórias Mestiças".

GIGANTES

Esculturas grandes como as do uruguaio Pablo Atchugarry, em exposição no MuBE, zona oeste, só conseguem entrar nos museus durante a noite. A maior mede 3,15 m e pesa três toneladas.

Para que elas fossem colocadas no museu, um guindaste de 70 toneladas retirou as obras do caminhão e as colocou em pontos mais firmes para não afundarem o piso.

Mas o trabalho não para quando a mostra é aberta. Como a lotação máxima de 1.700 pessoas tem sido atingida todos os dias na exposição sobre o "Castelo Rá-Tim-Bum", em exibição no MIS, diversas adaptações tiveram que ser feitas no ambiente.

Alguns bonecos foram substituídos. "As pessoas querem interagir. Um garoto já levou o ratinho para outro ambiente", conta Marcelo Jackow, da Case Lúdico, responsável pelo cenário.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página