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Casamento gay com bombacha

Cores do Rio Grande do Sul dividiram espaço com bandeira do arco-íris em união após incêndio no Centro de Tradições Gaúchas

KATYUSCIA MOURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SANTANA DO LIVRAMENTO (RS)

Depois que 28 casais cruzaram o salão ao som da marcha nupcial, duas mulheres prestes a oficializar a união foram aplaudidas de pé. Solange Rodrigues, 24, de vestido branco, e Sabriny Benites, 26, de smoking, foram a dupla mais festejada do segundo casamento coletivo de Santana do Livramento (RS).

A cerimônia, realizada sábado (13) no fórum da cidade, encerrou a polêmica iniciada após o anúncio de que o evento, com a participação de dois casais homossexuais, seria em um CTG (Centro de Tradições Gaúchas).

Tradicionalistas se opuseram à união de pessoas do mesmo sexo no centro de tradições, e um dos casais acabou desistindo. Na madrugada de quinta-feira (11), o CTG Sentinelas do Planalto pegou fogo, pondo fim à ideia da juíza Carine Labres de selar a primeira união gay num CTG.

Segundo laudo pericial, o incêndio foi criminoso, mas ainda não há suspeitos.

Para a maioria dos casais que celebrou a união na mesma cerimônia, muitos deles com roupas tradicionais gaúchas, nem a polêmica nem o ato de vandalismo apagaram a emoção do dia.

"Nosso sonho era um casamento tradicionalista, mas atearam fogo no CTG. Na vinda para o fórum, sentimos um pouco de medo", disse Vinícius Masvi, de bombacha, lenço vermelho e botas de montaria, ao lado da noiva, Julimara Pires, que usava um vestido de "prenda".

"Acredito na tradição e o que aconteceu é lamentável", disse, Sérgio Renato, um dos 500 convidados, de roupas gaudérias. Outros"pilchados" --pilcha é a vestimenta tradicional da cultura gaúcha-- eram o casal de patrões ("chefes") do CTG e a juíza que fez os casamentos.

"Teve um casal pilchado que chegou de charrete, o que ficaria mais bonito se estivesse chegando ao CTG, mas não deixaram que acontecesse", disse o patrão Gilbert Gisler.

BANDEIRA

O salão do tribunal do júri foi decorado com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. Sobre a mesa do juiz de paz, um detalhe diferente: a bandeira do arco-íris, símbolo do movimento LGBT.

Ainda assim, os uniformes camuflados de cerca de cem militares escalados para fazer a segurança do evento denunciavam a tensão no ar.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, exaltou a coragem da magistrada. Após o incêndio, a juíza e as noivas receberam escolta.

Depois dos discursos, o casal mais aguardado do dia foi o primeiro a dizer o "sim".

"Queremos servir de exemplo para todo o Brasil, para que as pessoas respeitem as diferenças. O que importa agora é sermos felizes. E seremos", disse Sabriny.


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