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Universidades em crise

Gasto da USP com vales aumentou 350%

De 2009 a 2015, valor para verbas de alimentação pagas pela universidade cresceu acima da inflação (23%)

Série de reajustes foi concedida por ex-reitor sob justificativa de barrar evasão para a iniciativa privada

NATÁLIA CANCIAN THAIS BILENKY BEATRIZ IZUMINO DE SÃO PAULO

Em cinco anos, os gastos da USP com vale-refeição e auxílio-alimentação cresceram 350%. Em 2009, os benefícios custaram R$ 69 milhões. Em 2013, R$ 311 milhões. Por lei, a universidade, que enfrenta grave crise financeira, não é obrigada a conceder os benefícios.

O avanço nos gastos ocorreu após uma série de reajustes concedidos pelo ex-reitor João Grandino Rodas (2010-2013). Além da elevação dos valores, o ex-reitor ampliou o número de beneficiados.

Rodas argumenta que objetivo era impedir a evasão de funcionários qualificados para a iniciativa privada. Especialistas dizem que os valores pagos pela USP coincidem com os de grandes empresas.

Em 2009, o auxílio-alimentação valia até R$ 400. Atingia todos os funcionários e docentes, com variações de valor. Cinco anos depois, passou a ser de R$ 690, igualmente distribuído aos 23 mil contratados. Um aumento de 72,5%.

Entre julho de 2009 (quando houve reajuste) e fevereiro de 2013 (data do último aumento), a inflação acumulada pelo IPCA-E foi de 23%.

Variação similar ocorreu com o vale-refeição. Em 2009, quem trabalhava à noite ou longe de um restaurante universitário recebia R$ 15 diários. Dois anos depois, 22 mil pessoas passaram a receber R$ 22 em benefício. Hoje, o valor é de R$ 29 --93% a mais.

Isso significa que praticamente todos os funcionários e professores da USP recebem R$ 1.154 por mês em vale-refeição e auxílio-alimentação, equivalente a 62% do piso dos servidores (R$ 1.863,60). O cálculo considera o desconto de 20% do vale no salário.

Funcionários agora pedem auxílio-alimentação a R$ 850 e vale-refeição a R$ 35.

Sindicância mostrou que Rodas concedeu os aumentos sem ouvir o Conselho Universitário. A Folha não o localizou. À sindicância, disse que não há previsão de submeter a decisão e que se amparou em estudos.

O atual reitor, Marco Antonio Zago, aponta a folha de pagamento (salários e benefícios) como o principal fator da crise financeira. Magno de Carvalho, diretor do sindicato dos servidores, disse preferir ter os benefícios incorporados ao salário. "Mas, para a USP, sai mais barato", afirma.


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