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Curso grátis ensina cegas a se maquiar sem ajuda

Alunas com baixa visão também participam

HELOÍSA NEGRÃO EDITORA-ADJUNTA DE NOVAS PLATAFORMAS

Uma bancada forrada de batons, pinceis e produtos para maquiagem. Mulheres sentadas em frente a espelhos. O maquiador Marcos Costa começa a aula mandando as alunas prepararem a pele, sem esquecer de passar a base na pálpebra superior.

Muitas se aproximam do espelho. Outras não precisam dele. Despejam um pouco de base no dorso da mão e aplicam no rosto. Todas elas têm baixa visão ou são cegas.

Costa teve a ideia de criar o curso, que é gratuito, depois de dar dicas de maquiagem para uma amiga cega em 2008. Essa é a 2ª turma. No mercado há mais de 30 anos, ele é o maquiador oficial da Natura e assina as capas das principais revistas do país.

A reportagem acompanhou a sexta aula da turma, cujo tema era lápis sombra. "Mostrem com o dedo onde está a raiz dos cílios", diz Costa. Todas levam os dedos aos olhos. Ele passa por cada uma e mostra onde deve ser feito o risco, para que elas sintam.

Patrícia do Amaral, 17, reclama que não ficou bom. Ela tem 40% da visão. "Não precisa tirar, tem que tirar é proveito do borrado e já fazer um olho esfumado", diz Costa. O maquiador pega na mão da aluna e mostra o movimento. Ela repete no outro olho.

A aposentada Noelia Santos, 51, se dá bem com o traço do lápis, mas passar rímel nos cílios inferiores é uma guerra. Ela perdeu a visão há quatro anos por causa da diabetes.

"Deve ser meio psicológico, mas a parte mais sensível para a gente são os olhos", diz. Costa insiste nos cílios inferiores. "Se vocês aprenderem a fazer o mais difícil, o resto fica fácil", afirma.

A assistente administrativa Érika Hespanhol, 30, diz ser elogiada pela sua maquiagem nada básica do dia a dia. "Minhas colegas do serviço falam: nossa, eu que enxergo não consigo fazer tudo isso'", diz Hespanhol, que "deve ter" de 30% a 40% da visão.

A automaquiagem é um dos cursos oferecidos pela Fundação Dorina Nowill, que auxilia na reabilitação e na inclusão de cegos. "A ideia de todos os nossos cursos é mostrar que, mesmo sem visão, se pode viver, trabalhar e ser autônomo", diz Kely Magalhães, da fundação.

"Perder a visão ao longo da vida pode causar um turbilhão de sentimentos e frustrações, e a pessoa pode acabar se descuidando", afirma Kely. Ela conta que a recuperação da autoestima é importante no fortalecimento dos pacientes da fundação.


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