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Baladas de 86% das atléticas têm apoio da indústria da bebida

Entre as associações paulistanas entrevistadas, mais da metade também afirmou receber ajuda financeira

Ambev afirma que é contra as festas 'open bar' e mantém política para prevenir o consumo em excesso

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

A maior parte (86%) das agremiações estudantis do município de São Paulo tem apoio da indústria da bebida para realizar eventos e mais da metade (63%) delas recebe, além disso, aporte financeiro das cervejeiras.

Os contratos são intermediados por nove empresas voltadas ao marketing jovem.

Os dados vêm de uma pesquisa sobre a relação entre as cervejeiras e 60 associações atléticas acadêmicas, que atuam dentro das universidades como organizadoras de eventos esportivos e festas.

O estudo foi realizado por uma equipe de psicobiólogos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e finalizado nesta semana.

Segundo Ilana Pinsky, coordenadora da pesquisa, nos últimos cinco anos, a indústria de cerveja penetrou em todas as universidades. "Eventos que antes eram feitos eventualmente, sem estrutura, agora são mega festas, todas com open bar'[com bebida sem limite de consumo]."

A pesquisa aponta que 86% das festas promovidas pelas atléticas são "open bar".

"Infelizmente, é isso que atrai o público universitário pra uma festa. Open bar', atração", relata um dos 72 dirigentes de atléticas entrevistados na pesquisa.

Eles reconhecem que há frequentadores que exageram nesse tipo de festa que ficam "loucos" e "apagam".

Mais de um terço (35%) dos entrevistados diz que as vendas de bebidas ocorrem também dentro das sedes das atléticas, o que é proibido pelas regras das universidades.

As agremiações relatam benefícios que recebem das cervejeiras: preços mais baratos, estrutura e divulgação das festas e bonificações ao cumprirem com as metas de vendas.

INDÚSTRIA

A Ambev, líder no ranking das cervejarias na América Latina, diz que condena o consumo indevido de bebidas e as festas "open bar".

"As festas open bar' vêm diminuindo. As pessoas acham que tem que valer o dinheiro pago e tendem a beber mais. Condenamos isso", afirma Ricardo Rolim, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Ambev.

Segundo ele, os acordos comerciais que a companhia mantém com as agremiações estudantis envolve o fornecimento de infraestrutura, como mesas, caixas térmicas e freezers em troca de exclusividade da marca.

"Não tem bônus ou incentivo para que se venda mais bebida. Esse tipo de política não faz sentido."

Segundo ele, a Ambev desenvolve programas para prevenir o consumo em excesso, por menores de idade ou àquele associado à direção.

Rolim afirma que essas e outras ações têm contribuído para a redução do consumo excessivo de bebidas no país, já apontada em pesquisas.

"Consumo em excesso tem que ser ser combatido. A indústria não tem interesse nesse tipo de consumo."

Ele não concorda, porém, com a decisão do diretor da Escola Politécnica da USP, José Roberto Piqueira, que proibiu nesta semana a realização de festas na cidade universitária após a morte do estudante Victor Hugo Santos.

"É uma atitude simplista do diretor acabar com os eventos na faculdade. Não vai na causa do problema. Todos nós já fomos estudantes."

Para Rolim, seria mais efetivo tentar entender o que ocorre nessas festas e realizar ações preventivas para que não ocorram excessos.


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