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Monotrilho de Poços de Caldas fracassa

Obra contratada há mais de 30 anos está parada por desentendimento entre prefeitura e empresa concessionária

Demolição de vigas que causam poluição visual sairia R$ 10 milhões, e custo de retomada da obra não foi estimado

JULIANA COISSI ENVIADA ESPECIAL A POÇOS DE CALDAS

Um contrato feito à mão em 1981 vislumbrava um futuro ousado para a mineira Poços de Caldas, em que o monotrilho seria a solução para o transporte de massa.

A cidade turística, famosa pelas águas termais e então com 87 mil habitantes, sairia na frente de São Paulo, que só no mês passado começou a operar seu monotrilho.

Mais de 30 anos depois do projeto visionário assinado pela prefeitura e por uma empresa de engenharia, no entanto, o que restou foi um trenzinho fora de moda que "jaz" no alto do atual terminal de ônibus, além de pilastras enfileiradas ao longo do rio Lambari, que poluem a visão do centro da cidade.

Diante da obra parada, o Ministério Público do Estado abriu inquérito e quer que as partes cheguem a um acordo e assinem um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).

O problema é que prefeitura e concessionária não se entendem e se culpam mutuamente pelo fato de a obra estar incompleta e o serviço nunca ter funcionado.

Demolir as pilastras e vigas custaria até R$ 10 milhões, pelos cálculos da atual gestão. Já o valor necessário para ativar o monotrilho, dentro dos atuais padrões de segurança, é um mistério.

O contrato foi assinado pelo então prefeito Ronaldo Junqueira, já falecido, e a empresa J. Ferreira Ltda, a mesma que construiu o teleférico ainda em operação em Poços.

Assim como no caso do bondinho, a ideia da empresa era bancar totalmente a obra, e, ao fim de 50 anos de concessão, entregar o serviço sem ônus à prefeitura.

As pilastras e vigas foram erguidas nos anos 1980, mas o transporte nunca entrou em operação, segundo o promotor Emmanuel Levenhagen e a atual gestão. A empresa concessionária contesta.

FIASCO INICIAL

No início dos anos 2000, duas situações agravaram o impasse. Na viagem experimental, o trem parou por uma falha técnica. Os passageiros tiveram de ser retirados do alto pelos bombeiros.

Na mesma época, duas pilastras de sustentação do monotrilho caíram. A concessionária acionou a prefeitura na Justiça, alegando que obras da administração municipal para desassorear o rio Lambari abalaram a estrutura de sustentação do monotrilho.

O procurador-geral do município, Dalmo da Silveira, diz que a prefeitura quer assinar o acordo, se houver consenso. Inicialmente, o município entende que o melhor é demolir a obra. "É um abacaxi que ficou por conta de erros do passado", define.

O advogado José Carlos Cardillo, que defende o engenheiro Joel Ferreira, da J. Ferreira, diz que só haverá demolição se a prefeitura indenizar a empresa.

O TAC pode ser assinado, diz Cardillo, se a prefeitura reerguer as pilastras que tombaram. Ainda falta um laudo que demonstre a segurança atual da estrutura.

Enquanto a disputa persiste, o promotor resume, com a mesma expressão do procurador da cidade, o sentimento dos moradores: "É um abacaxi que deixaram".


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