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Governo vai fazer 'intervenção branca' na Santa Casa de SP

Secretaria Estadual de Saúde criou comissão para acompanhar administração do complexo hospitalar

Em cinco anos, atual direção quase esgotou os recursos, segundo auditoria; instituição não se manifestou

NATÁLIA CANCIAN ROGÉRIO PAGNAN THAIS BILENKY DE SÃO PAULO

O governo paulista anunciou nesta segunda-feira (29) que vai montar uma comissão para acompanhar a gestão da Santa Casa de São Paulo.

A medida é uma espécie de intervenção na administração do complexo e uma forma de garantir a continuidade dos repasses, embora o secretário de Estado de Saúde, David Uip, negue que seja uma intervenção formal.

Uma reunião com gestores da Santa Casa está marcada para esta terça-feira (30) para definir os detalhes de como a comissão funcionará.

Segundo a Folha apurou, essa "intervenção branca" é uma forma de o Estado participar da gestão sem que precise assumir também as dívidas, estimadas em R$ 1 bilhão, caso optasse pela intervenção oficial --o valor inclui dívidas bancárias, com fornecedores e possível passivo trabalhista.

Esse mecanismo foi a saída encontrada pelo governo para manter repasses ao complexo hospitalar mesmo após ter encontrado graves problemas de gestão.

Uma possibilidade, segundo a Folha apurou, seria condicioná-los à saída do provedor Kalil Abdalla. A ideia foi descartada pelo secretário.

"Isso é problema da Santa Casa e de quem de direito. Não opino sobre provedor", afirmou Uip, ao ser questionado sobre Abdalla.

O provedor perdeu o diálogo com o governo após fechar o pronto-socorro central por 28 horas, em julho, alegando falta de verbas para comprar materiais e medicamentos.

O que pesou nessa "intervenção branca" é o fato de o secretário ter aprovado a nomeação do novo superintendente, Irineu Massaia, 38.

"Estou otimista com os novos gestores. [...] Eu conheci o doutor Irineu recentemente. É despojado de qualquer sentimento de revanchismo. Só o fato de ter assumido demonstra que é um grupo corajoso e altruísta", afirmou.

A Santa Casa tem uma gestão profissional, comandada pelo superintendente, e outra voluntária, encabeçada pelo provedor.

Assim, além de verbas para custeio, o governo deve liberar recursos para que Massaia possa contratar funcionários para ajudá-lo a compor os quadros para a nova superintendência.

As medidas foram anunciada durante apresentação do resultado da auditoria que, conforme a Folha revelou, mostra que a gestão Abdalla esgotou quase todos os recursos do hospital em cinco anos.

Entre 2009 e 2013, o patrimônio líquido da entidade caiu de R$ 220 milhões para R$ 323 mil (ou 0,15% do valor).

Para Uip, os números da Santa Casa são "alarmantes". "A perda de patrimônio é evidente. Os problemas de gestão são evidentes. Estamos muito preocupados", disse.

"A Santa Casa depende 100% de dinheiro de empréstimo. Então caminha para insolvência a curto prazo."

A auditoria foi anunciada em 24 de julho, logo após o fechamento do pronto-socorro.

OUTRO LADO

Procurada, a Santa Casa não se manifestou sobre os resultados da auditoria e a comissão. Abdalla também não respondeu aos recados deixados em seu celular.

Em entrevista anterior, ele negava má gestão do hospital. "Temos certeza da lisura da contabilidade", disse.

A auditoria foi formada por representantes da Santa Casa e dos governos estadual, federal e municipal, além do Conselho Estadual de Saúde.


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