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Para especialista, criança de até 11 anos não deve decidir o que estudar

Método divide estudiosos; socióloga avalia que modelo estimula o gosto pela aprendizagem

Sistema tradicional está esgotado, afirma educadora; professor critica transferência de responsabilidade

THAIS BILENKY DA ENVIADA A SANTO ANTÔNIO DO PINHAL

O modelo de escola democrática em que alunos decidem até mesmo o que vão estudar não é consenso entre estudiosos do tema.

"A começar pela autodenominação", questiona José Sérgio Cardoso, livre-docente em filosofia da educação na USP. "No Brasil, são em geral escolas privadas e caras", critica.

"Democrático é um moleque filho de pai analfabeto poder ler Guimarães Rosa. Mais ainda do que votar."

Para Yves de La Taille, professor titular de psicologia da USP, o poder das assembleias "é um pouco falso". "As crianças decidem o que [conteúdo] vem antes e o que vem depois. Mas não vão resolver que, em vez de álgebra, vão estudar a culinária marroquina."

No Instituto Lumiar, as mensalidades custam em média R$ 2.000 a depender do ciclo. Os tutores (não há professores) pedem que as crianças elejam quais temas querem e quais precisam aprender. A partir dessas listas, profissionais que tenham um hobby ou uma paixão, lá chamados de "mestres", desenvolvem projetos, então submetidos aos estudantes.

Nesses projetos, são inseridos conteúdos curriculares.

Uma vantagem da escola democrática, segundo a socióloga Helena Singer, é que o estudante "toma gosto pela aprendizagem". Outro aspecto positivo é um "ambiente de respeito", pelo qual todos se sentem responsáveis.

Singer ajudou a fundar a Lumiar e posteriormente a escola Politeia. Hoje dirige a entidade Cidade Escola Aprendiz, que promove articulação entre escolas, comunidades, empresas e poder público.

Para ela, a replicação das assembleias, mesmo em colégios menos experimentais, mostra que o modelo tradicional está esgotado. "A sala de aula é um ambiente opressor. O poder do professor que fica na frente da sala, para onde todos devem olhar, o torna vulnerável", opina.

Para Cardoso, o modelo dito democrático "representa a desilusão dos adultos". "Tiramos de nós a responsabilidade e atribuímos àqueles que acabaram de chegar ao mundo. Percebe o engodo?".

La Taille desaprova assembleias de menores de 11 anos. Até essa idade, diz, "a criança acha que, se sua ideia for rejeitada, é ela quem foi rejeitada". Mais tarde, o jovem pode ter poder decisório contanto que não em casos irreversíveis como expulsões, avalia.

Em qualquer idade, porém, a figura de autoridade é indispensável para o estudante se sentir confiante, diz.

O secretário municipal da Educação de São Paulo, Cesar Callegari, diz considerar "importante" a participação de alunos, mas modelos como o da escola Desembargador Amorim Lima são para ele "muito experimentais", ainda que seus alunos tenham desempenho superior à média dos colégios municipais.

No mais recente Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a escola teve nota 4,6 para a oitava série/nono ano. A nota média do município foi de 4,4.

A rede municipal de ensino incentiva o "protagonismo" dos estudantes ao exigir a execução de um projeto autoral para a conclusão do ensino fundamental, afirma o secretário. (


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