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Maria Garcia Guerlenda (1916-2014)

Uma portuguesa cheia de saudades e segredos

ANDRESSA TAFFAREL DE SÃO PAULO

Lembranças da infância vivida em uma aldeia na província de Trás-os-Montes, no norte de Portugal, eram o tema de quase todas as histórias que Maria Garcia Guerlenda contava sobre seu passado.

Mais que isso não costumava relatar. Foi só quase no final de sua vida que a família descobriu que ela tinha outro nome de solteira --apenas Maria Adélia--, nasceu dois anos depois do que indicam seus documentos brasileiros e seria filha de mãe solteira.

Maria chegou a São Paulo aos 12 anos, com a mãe, que morreu pouco tempo depois, e o padrasto, que, ao ficar viúvo, voltou para a Europa.

Foi então morar com uma prima que aqui já vivia --havia ainda duas tias maternas.

Casou-se aos 21 com o operário Antonio Guerlenda. Ao morar com os sogros, adquiriu hábitos da família italiana. Nos almoços de domingo, era sagrado o macarrão com molho de frango ou de carne.

Devido ao passado humilde, preocupava-se com o sustento da família e o estudo dos filhos. Para ajudar, comprava roupas no Brás e revendia entre parentes e amigos.

Tinha saudades de Portugal --e das castanhas--, mas nunca voltou para lá. Sempre dava um jeito, porém, de lidar com coisas ligadas à terra, como plantas e galinhas.

Conversadeira e bem-humorada, após provar o narguilé pela primeira vez, perguntou: "Isso é maconha?. De brincadeira, a família disse que era e pediu que ela nunca contasse a ninguém, ou todos seriam presos. Maria sempre manteve o segredo.

Morreu no dia 29, aos 98, de insuficiência renal. Viúva desde 1989, teve quatro filhos, cinco netos e três bisnetos.


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