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Depoimento

Um dia, descobri que o carrinho de bate-bate era para ser batido

FABRÍCIO LOBEL DE SÃO PAULO

Foram incontáveis as vezes em que, quando criança, vasculhei os bolsos em busca de fichas amassadas do Parque Marisa que me abririam os portões da montanha-russa, recinto destinado apenas aos mais aventureiros.

Com mais um punhado de fichas, o próximo passo seria o brinquedo que, de tanto rodar, mais parecia uma máquina de lavar a centrifugar gentinhas. Foi o mais próximo que já cheguei de testes para a Nasa.

Se sobrassem fichas, viraria alpinista e veria todo o bairro do alto da roda-gigante. Quem achar pequena tal aventura nunca experimentou a sensação de ver sua cabine parar no ponto mais alto e escutar nada além do vento e do rangido do metal.

E muito me agradava a música incessante, as luzes piscando na noite e a tentativa de ficar na ponta dos pés para entrar nos brinquedos destinados às crianças mais velhas.

Não saberia precisar quando, mas houve um momento em que percebi que o objetivo do carrinho de bate-bate era justamente batê-lo contra outros carrinhos da forma mais violenta possível e não evitar esse embate, como eu fiz por muito tempo.

Não saberia dizer, mas deve ter sido após uma das vezes em que a campainha anunciou o fim da brincadeira e eu saí dali carregando uma estranha decepção.

O que sei é que o leitor teve também suas próprias experiências em algum desses parquinhos. Possivelmente, hoje os brinquedos já tenham sido tomados pela grama, e os painéis coloridos, cobertos pela fuligem.

Mas hoje em Itaquera tenho certeza de que dezenas de crianças voltarão para casa com as mãos cobertas de corante de pipoca doce.


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