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Promotoria investiga clínica pública que custa R$ 20 mil/mês por paciente

Diária de R$ 650 é superior à cobrada por clínicas particulares voltadas para a classe média alta

Prefeitura diz que o valor é justo para o trabalho, baseado na metodologia de uma clínica norte-americana

TALITA BEDINELLI DE SÃO PAULO

O Ministério Público de SP abriu um inquérito para investigar o valor pago pela prefeitura para uma instituição conveniada que atende dependentes químicos.

O Said (Serviço de Atenção Integral ao Dependente), na zona sul de São Paulo, é administrado pela Organização Social do Hospital Samaritano e recebe R$ 1,56 milhão por mês fixos para atender 80 pacientes -um custo médio de R$ 20 mil/mês por pessoa.

A diária, de R$ 650, é dez vezes o valor da diária paga pela prefeitura para outras clínicas conveniadas (R$ 65).

Também é superior ao valor cobrado por clínicas particulares conceituadas voltadas para a classe média alta, como a Grand House (R$ 235), a Vila Serena (R$ 315) e a Bairral (R$ 535, no quarto luxo com TV e frigobar).

Só fica abaixo do valor da Greenwood, preferida por artistas, que custa entre R$ 645 e R$ 967, em média, por dia.

O inquérito civil instaurado pelo promotor Valter Foleto Santin apura "eventual prejuízo ao erário, em gasto desnecessário e excessivo".

METODOLOGIA DOS EUA

A prefeitura diz que o valor é justo para o trabalho, baseado na metodologia da clínica norte-americana Chestnut Health Systems, que oferece um plano específico para cada paciente por meio de uma equipe multidisciplinar.

Também afirma que, no valor mensal fixo repassado à instituição, está incluso todo o tratamento dos pacientes e eventuais custos com reformas e equipamentos -quando inaugurado, em 2010, o local já havia passado por uma reforma de R$ 5,5 milhões.

Os valores das clínicas privadas citadas só não incluem medicação (porque ela não costuma ser usada por todos os pacientes e nem em doses iguais entre os que a usam).

Cobrem, no entanto, todas as refeições, o atendimento de profissionais de equipes multidisciplinares (psiquiatra, clínico geral, enfermeiros e até nutricionistas) e custos do prédio (como o de aluguéis e de eventuais reformas).

A maioria delas tem piscina, área verde e amplo espaço para a prática de esportes.

O Said funciona no prédio de um antigo motel, que hoje pertence ao poder público. A área de lazer se resume a uma quadra de concreto.

"É um valor bastante alto. É possível fazer o trabalho por menos", diz Silze Morgado, diretora da Vila Serena, que oferece atendimento gratuito para o paciente por um ano após o tratamento e recupera, em média, 70% deles -a prefeitura não informou a taxa de recuperação do Said.


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