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Tempo a favor

Igreja do século 18 em Minas ganha beleza ao se misturar com gameleira de 80 anos; conjunto de árvore e construção foi tombado

PAULO PEIXOTO ENVIADO ESPECIAL A VÁRZEA DA PALMA (MG)

Forças naturais, como intempéries e o passar do tempo, costumam ser inimigas do patrimônio histórico, mas em Minas Gerais uma igreja inacabada do século 18 conta com a ajuda da natureza para manter sua beleza.

Há cerca de 80 anos, uma gameleira cresceu sobre a parede do altar e formou um conjunto impactante na igreja Senhor Bom Jesus de Matosinhos, no distrito de Guaicuí, em Várzea da Palma (366 km de Belo Horizonte).

As raízes da gameleira envolvem a parede de pedra da igreja, construída possivelmente pelos jesuítas, com mão de obra de índios cariris, por volta de 1635.

As obras do homem e da natureza se encontram em um cenário de planície, à margem da foz do rio das Velhas, a 500 metros do encontro com o rio São Francisco.

Foi pela importância da arquitetura do século 18 e do cenário da edificação, vinculado à ocupação das margens do rio São Francisco, que se deu o tombamento das ruínas da igreja, em 1984.

O registro do tombamento cita a presença da gameleira sobre a parede da edificação.

"Essa parede, mistura de pedra e de raízes, permanece inteira sustentando a árvore. De um lado a pedra, do outro a força da vida edificando o monumento. A obra do homem e a obra da natureza abraçam-se para sobreviverem ao desgaste do tempo", diz o texto do documento.

Ítalo Caldeira, 20, vive desde criança em um rancho ao lado da ruína. É referência no distrito desde os 13 anos, quando aprendeu a história da igreja inacabada por meio de registros históricos locais.

Hoje ele trabalha em uma das quatro pousadas de Guaicuí e continua atento ao que acontece. "Tem gente que vem aqui também para rezar, porque diz que o lugar tem muita energia", conta.

A versão de Caldeira para a edificação da igreja é a mesma que o processo do tombamento cita como possível -ele aponta, porém, que "lacunas" são comuns em documentos históricos.

Uma das "controvérsias" mencionadas no material é a origem da ocupação do distrito. Não se sabe quem chegou primeiro: bandeirantes, fazendeiros ou índios.

Para o morador, vale o que aprendeu: "Os índios fugiram daqui em 1670 por causa da chegada dos bandeirantes, que quiseram escravizá-los".

É Caldeira quem dá a referência sobre a idade da árvore, baseado no relato de "seu Pedro", morador que morreu aos 105 anos, em 2009.


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