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Mãe de Caetano e Bethânia, Dona Canô morre aos 105 na BA

Figura marcante da cultura do Estado, ela deixa cinco filhos, nove netos e seis bisnetos

Filho conta que a mãe pediu para morrer em casa; Dilma, Lula e ministra Marta Suplicy enviam notas de pesar

Leogump Carvalho/Frame/Folhapress
Bethânia ontem diante do caixão da mãe, dona Canô
Bethânia ontem diante do caixão da mãe, dona Canô
NELSON BARROS NETO ENVIADO ESPECIAL A SANTO AMARO (BA)

Dona Canô, 105, mãe dos cantores Caetano Veloso e Maria Bethânia, morreu ontem pela manhã, em Santo Amaro, a 67 km de Salvador.

Claudionor Viana Telles Velloso queria morrer em casa. Quatro dias após convencer os médicos do hospital em que estava internada havia uma semana, em Salvador, a matriarca morreu em seu quarto, rodeada pela família.

Rodrigo Velloso, um dos filhos, disse durante o velório que a morte do arquiteto Oscar Niemeyer, no dia 5, aos 104 anos, mexeu muito com a matriarca. "Eu disse para Bethânia: 'Tô achando minha mãe jururu...' Ela comentava com a gente: 'Niemeyer também nasceu em 1907'."

Ainda segundo Rodrigo, no hospital ela repetia: "Quero ir para Santo Amaro, quero morrer em minha casa".

Por isso, conta, Caetano disse, no sábado, que a família a levaria "na raça".

Figura marcante da cultura da Bahia, Dona Canô tentava se recuperar de uma isquemia -falta de irrigação sanguínea no cérebro- sofrida no dia 15. Ela sentiu-se mal na madrugada do dia 25 e não resistiu até a chegada do atendimento médico.

Além dos cantores famosos, deixa outros cinco filhos vivos (Nicinha, a mais velha, morreu em outubro), nove netos, seis bisnetos, mais de cem afilhados e o status de "patrimônio da Bahia", como repetia o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007. Ou de "amiga e exemplo", segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ambos estão em quadros na sala de sua casa, ponto turístico da cidade, ao lado de retratos de família e de um parabéns enviado pelo papa Bento 16 no seu centenário.

Lula e a presidente Dilma Rousseff enviaram mensagens de pesar.

LUCIDEZ

Dona Canô nasceu em 15 de setembro de 1907, em Santo Amaro. Casou-se em 1930 com José Teles Velloso, funcionário dos Correios, morto em 1983. Apesar da idade avançada e do corpo frágil, de 45 kg e 1,60 m, ela esteve lúcida até o fim.

Religiosa, liderou por anos a Novena de Nossa Senhora da Purificação, tradição católica de quase três séculos que acontece em janeiro.

O corpo de Dona Canô foi velado por familiares durante o dia, em casa. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), esteve presente e decretou luto oficial de três dias.

Abalada, Bethânia adiou seus shows em Porto Alegre nos dias 8 e 9 de janeiro -as datas não foram redefinidas.

Caetano chegou de Salvador à tarde e entrou na casa pelos fundos. Às 19h20 (horário de Brasília), o cortejo seguiu em direção ao Memorial Caetano Veloso, acompanhado por centenas de pessoas. O enterro será hoje, às 10h, no cemitério da cidade.


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