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Com canos entupidos, Minhocão alaga e para trânsito em dia de chuva

Água acumulada nos bueiros não teve vazão; motoristas levaram 1h para cruzar os 3,4 km do elevado

Prefeitura diz que havia detectado a obstrução do encanamento e marcado para a noite de ontem a manutenção

FELIPE SOUZA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA CAMILA BRUNELLI DO “AGORA”

Uma chuva moderada e vários bueiros entupidos fizeram com que motoristas levassem uma hora para atravessar, na tarde de ontem, os 3,4 km do elevado Presidente Artur da Costa e Silva, o Minhocão, no centro de São Paulo.

O engenheiro Flavio Maruyama, 27, tentava chegar à zona leste. Desde que acessou a via, na região de Marechal Deodoro, já havia perdido 30 minutos no engarrafamento. "Não costumo vir trabalhar de carro. Achei que seria prático por estarmos nas férias escolares, mas me dei mal."

O entupimento das bocas de lobo da via elevada, confirmado por agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) que estavam no local, foi a causa do problema.

A prefeitura informou que constatou anteontem "a obstrução dos canos condutores que fazem a ligação das caixas coletoras [os bueiros] localizadas no elevado". A manutenção, a ser feita pela própria administração, estava programada para a noite de ontem.

Responsável pela limpeza das bocas de lobo no elevado, a empresa Inova afirmou que o serviço foi feito na noite de anteontem e que a desobstrução dos canos não é de sua responsabilidade.

Um dia após tomar posse, o prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou medidas antienchentes e listou 132 pontos de alagamentos recorrentes, mas não incluiu o Minhocão.

A chuva de ontem foi considerada de intensidade moderada -20,4 mm até as 19h, segundo o Inmet; cada mm equivale a 1 litro de água por m².

Em 8 de setembro de 2009, o Minhocão também alagou. Mas, na ocasião, foram registrados 70 mm, recorde de chuvas em um período de 24 horas desde 1963 na capital.

Por dia, cerca de 80 mil veículos passam pelo local.

'CACHOEIRAS'

Ontem, uma poça de 20 m de extensão e 15 cm de altura se formou no elevado, na altura da rua Ana Cintra. O trecho não ficou intransitável, mas o volume de água intimidava os motoristas, formando as filas.

O fluxo travou nos dois sentidos. Da rua Ana Cintra estendiam-se duas filas: até a av. Francisco Matarazzo, na Pompeia (zona oeste), e até a praça Roosevelt (região central).

Quando os carros atravessavam as poças, acabavam empurrando a água para fora da pista, formando "cachoeiras" até as avenidas embaixo do elevado. O trânsito ficou sobrecarregado também nessas vias.

INFILTRAÇÕES

Há quatro meses, a Folha percorreu os 3,4 km do elevado e constatou que, das 190 bocas de lobo da via, 156 não tinham grades de proteção, 24 das existentes estavam quebradas e só dez estavam inteiras. Todos os bueiros estavam entupidos com terra e muito lixo.

"Há um sistema de captação de água, mas não adianta porque todos os bueiros ficam entupidos", disse Karen Niccoli Ramirez, doutora em engenharia civil pela USP.

"Sempre que chove vira um lago em cima do Minhocão e, quando passa um carro grande ou caminhão [o que é proibido], jogam a água toda na parede aqui do prédio e fica úmido por dias, fora as goteiras lá embaixo", disse a enfermeira Maria de Lourdes Camacho, que mora a 1,5 m do Minhocão.

É possível perceber que em toda a extensão do elevado há infiltrações e pontos de umidade. Pelo menos 20 árvores crescem nas colunas que o sustentam. Uma delas, na praça Antonio Cândido, tem cerca de 2 m de altura.

"A prefeitura deve fazer uma vistoria na captação e no escoamento da água porque o sistema não está funcionando corretamente. Não é normal que uma árvore brote no meio do concreto. Isso significa que há muita infiltração", afirmou a engenheira Karen.

A última reforma feita no elevado foi há dois anos e custou R$ 1,32 milhão.


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