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TRAGÉDIA NO SUL

Espuma foi 'causa das mortes', diz polícia

Para delegado, material inflamável usado como revestimento no teto da boate é responsável pela morte dos 235 jovens

'Onde não tinha espuma, quase não queimou', diz policial; defesa admite que sócio instalou material

REYNALDO TUROLLO JR. ENVIADO ESPECIAL A SANTA MARIA

A espuma que revestia o teto da boate Kiss, em Santa Maria, foi apontada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul como "a causa da morte" de 235 jovens na madrugada do último domingo. Outros 138 continuam internados, sendo 87 em estado grave.

Esse material pegou fogo, segundo a investigação, ao ser atingido por faíscas de um sinalizador usado pela banda que se apresentava na casa.

"Isto foi a causa da morte. Onde não tinha espuma, quase não queimou", afirmou, em entrevista, o delegado Marcelo Arigony, erguendo um pedaço do material.

O pedaço da espuma apresentado, cinzento, denso e espesso, foi retirado ontem da boate, em visita de técnicos chamados pela polícia.

Um laudo da perícia é esperado para confirmar cientificamente essas afirmações.

Como mostrou a Folha, a espuma de poliuretano, quando queimada, produz cianeto, substância altamente tóxica que envenenou os jovens que estavam na festa.

O material foi colocado apenas em parte da casa noturna -no lado em que fica o palco onde a banda Gurizada Fandangueira se apresentava.

Anteontem, o advogado de um dos sócios da boate admitiu que seu cliente instalou a espuma e, depois disso, o local não passou por inspeção técnica. A colocação desse material, segundo a defesa, foi orientada por engenheiros -mas ele não informou quais.

De acordo com o delegado, um funcionário da boate disse, em depoimento, que ele próprio ajudara a pôr a espuma, no meio do ano passado.

Em agosto, o alvará expedido anualmente pelo Corpo de Bombeiros -que atesta cumprimento das normas de segurança- venceu. Em novembro, os bombeiros foram chamados para vistoriar a boate, o que não ocorreu.

Uma inspeção poderia ter percebido a inconformidade.

O delegado afirmou que, segundo técnicos, esse tipo de revestimento é muito comum em estúdios de gravação. É geralmente usado, porém, com outro material que retarda sua combustão -o que, em princípio, não ocorreu na Kiss.

VIZINHOS

Jader Marques, advogado de Elissandro Spohr, o Kiko, sócio da boate, disse que a espuma foi colocada para evitar que o som vazasse e incomodasse os vizinhos, em cumprimento a um acordo firmado com a Promotoria.

Até a conclusão desta edição, a polícia não havia pedido a prorrogação da prisão temporária de Spohr e Mauro Hoffmann, o outro sócio, e dos integrantes da banda Marcelo de Jesus Santos e Luciano Bonilha -isso deve ocorrer hoje.

Hoffmann e os integrantes da banda estão presos desde segunda. Já Spohr, que estava na boate na hora do incêndio, segue internado (e detido) em um hospital. Ontem, a Justiça negou o pedido de liberdade feito por seu advogado.


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