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Número de presos em SC explode em uma década

Havia 17 mil detentos nos presídios em dezembro, contra 6,4 mil em 2003

Principal facção reúne 2.000 integrantes presos, de acordo com Promotoria; ontem, Estado teve novo ataque

FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS JEFERSON BERTOLINI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

O morro do Horácio, na região central de Florianópolis, em pouco se assemelha às favelas de São Paulo e Rio. Sem barracos, tem asfalto e transporte público, embora sofra com o fornecimento de água, que chega encanada.

Mas é ali o ponto mais crítico do narcotráfico na capital catarinense, vítima, nos últimos anos, do próprio sucesso como destino turístico e como cidade com alta qualidade de vida acima da média nacional.

A partir dos anos 1990, Florianópolis ganhou projeção nacional, atraindo novos moradores e turistas. O resultado foi que, em duas décadas, a população quase duplicou, passando de 225 mil para 433 mil habitantes, diz o IBGE. No Carnaval, passaram por lá mais de 450 mil pessoas.

"A cidade não pode continuar crescendo a qualquer custo", sob pena de a vida "se tornar inviável", disse recentemente o novo prefeito de Florianópolis (SC), Cesar Souza Junior (PSD).

O crescimento da população carcerária tem sido ainda mais explosivo -164% em 2012 em relação a 2003, a maioria por drogas.

Dos vários traficantes do Horácio atrás das grades, o mais notório é Rodrigo Oliveira, 34, o Rodrigo da Pedra, apontado como um dos líderes do PGC (Primeiro Grupo Catarinense), a maior facção criminosa do Estado, que estaria por trás da onda de atentados de 2012 e deste ano. Ele nega envolvimento.

O promotor Alexandre Graziotin, que coordena um grupo de combate ao crime organizado, calcula que o PCG tenha cerca de 2.000 integrantes nas 49 unidades prisionais do Estado. Segundo ele, o grupo se baseou no modelo de atuação e organização do paulista PCC (Primeiro Comando da Capital).

Responsável pelo policiamento da maior parte de Florianópolis, o tenente-coronel da PM Araújo Gomes atribui a escalada do tráfico de drogas à desigualdade.

"Há muita criança que ouve a mãe falar da lancha do patrão, quando a sua realidade é muito distante. Há quem veja no tráfico uma forma de ascender socialmente."

No Horácio, parte de um complexo de morros com 30 mil pessoas, o narcotráfico surgiu nos anos 1980 e não parou de crescer. Na década de 1990, passou a concentrar o tráfico de cocaína no Estado. Foi alvo de 19 operações policiais nos últimos dois meses, o que não impediu que carros de luxo continuem subindo o morro para comprar droga, segundo moradores.

Mas o tráfico não é feito apenas por membros de comunidades pobres, afirma Francisco Ferreira, um dos mais respeitados advogados criminalistas do Estado e que tem Rodrigo da Pedra entre os clientes. "De uns seis anos pra cá, houve um aumento de pessoas de classe média e média alta envolvidas com o tráfico de ecstasy, skank e LSD."

NOVO ATAQUE

A onda de violência chegou ontem ao 19° dia com 107 ocorrências em 34 cidades, segundo a PM. O único ataque novo foi registrado em Tubarão (a 131 km de Florianópolis), onde criminosos tentaram queimar o carro de um policial militar.

Ontem, com apoio da Força Nacional de Segurança, foram montadas barreiras policiais nos principais acessos a Santa Catarina.

As medidas mais enérgicas do governo do Estado até o momento foram a transferência de 40 criminosos a presídios federais -feitas no sábado de madrugada- e a prisão de 25 pessoas "peças-chave" na articulação dos ataques, segundo a polícia.


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