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Carlos Alexandre Azevedo (1972-2013)

Uma criança marcada pela ditadura

ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO

Carlos Alexandre Azevedo, o Cacá, era um jovem inteligente, como conta o pai, Dermi. Aficionado por informática, consertava os computadores de familiares e amigos. E sempre levou os trabalhos que teve muito a sério.

Mas o rapaz, colecionador de HQs, às vezes se isolava e só saía do quarto para se alimentar. Sofria de fobia social.

Médicos consultados pela família relacionavam seu quadro a um episódio da infância. Em janeiro de 1974, quando tinha um ano e oito meses, o garoto foi preso com os pais. Dermi, jornalista que trabalhou na Folha de 1984 a 1990, conta que foi levado pela polícia ao deixar o jornal (era funcionário do extinto "Última Hora", editado pelo Grupo Folha).

Em casa, segundo relato do pai, o menino teve um dente quebrado. No Deops, levou choques e, de madrugada, foi levado à casa dos avós e jogado no chão. "A queda provocou lesões cerebrais das quais não mais se recuperou", diz.

Dermi ficou seis meses preso, e sua mulher, Darcy, 45 dias. Era acusado de difamar a imagem do país no exterior por ter escrito um relatório sobre os livros de educação moral e cívica usados no Brasil.

Segundo ele, d. Paulo Evaristo Arns chegou a denunciar o caso a órgãos internacionais.

Cacá era fechado e não escondia uma tristeza permanente. Em 1990, os pais se separaram, e ele ficou morando com a mãe e a irmã. Dermi se casou de novo e vive no Pará.

Para ele, que conta a história do filho no livro "Travessias Torturadas", Cacá foi "levado a se suicidar". Morreu no sábado, aos 40, após ingerir remédios. Em e-mail de despedida a um amigo, dizia-se mal remunerado e isolado.


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