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Sem verba, São Vicente suspende coleta e tem ruas tomadas de lixo
Após troca de comando político, cidade do litoral paulista está sem serviço há uma semana
Dívida do município é de quase R$ 900 milhões, maior do que o Orçamento anual da prefeitura
Com dívida equivalente ao seu orçamento anual, São Vicente, uma das principais cidades do litoral paulista, está repleta de lixo nas ruas. A cidade enfrenta crise política que já compromete a prestação de serviços básicos.
A Folha percorreu bairros da cidade na última quinta e constatou um quadro de abandono. Sem serviço de coleta desde a semana passada, o lixo se espalha por vários vias. O problema é mais grave nos bairros periféricos, onde pedestres já não têm lugar nas calçadas -tomadas por sacos empilhados.
Em algumas ruas, o excesso de lixo obriga carros a invadirem a pista no sentido contrário. A prefeitura decretou estado de calamidade pública devido ao problema.
"Aqui está parecendo um lixão", reclama a frentista Quelma Rodrigues, 26, que mora na área continental.
Para tentar diminuir o problema, equipes da Codesavi (Companhia de Desenvolvimento de São Vicente) estão fazendo a coleta em caráter emergencial -a reportagem, porém, viu equipes de coleta somente na área central.
Segundo moradores, o problema do acúmulo de lixo ocorre desde janeiro, mas se agravou no último dia 8, quando a prefeitura rompeu o contrato com a Termaq, que era responsável pelo serviço. A empresa alega que não estava recebendo pelo serviço.
Além do lixo, a Folha encontrou diversos pontos de alagamento pela cidade.
São Vicente tem uma dívida de R$ 893 milhões -o Orçamento para 2013 é de R$ 860 milhões. A julgar pelas reclamações da população, o lixo é a parte mais visível da falta de serviços básicos.
"A cidade está largada", diz a cabeleireira Camila Pereira, 17. "Acho o cúmulo nenhuma gestão ter feito um hospital lá [na periferia]", diz Marcos Aristides, 37.
Muitos atribuem os problemas a crise política. A cidade ficou 16 anos sob o comando dos prefeitos Márcio França (1997-2004) e Tércio Garcia (2005-2012), ambos do PSB. O grupo perdeu a eleição de 2012. "A prefeitura não tem dinheiro", diz Milton Martins, 82, dono de banca de jornal.