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À espera do conde

Associação de moradores da Pompeia quer levar estátua que homenageia o conde Matarazzo para nova praça do bairro; prefeitura nega o pedido, que deve ser reavaliado

ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

A praça Raízes da Pompeia está quase pronta, mas os moradores da região ainda esperam a "cereja do bolo" para marcar a data da festa de inauguração.

Eles aguardam a autorização da prefeitura para levar a estátua de bronze de três metros de altura que homenageia o conde Francisco Matarazzo (1854-1937).

A obra foi um presente ofertado pelo escultor italiano Giandomenico de Marchis à família do conde, na década de 1930.

Segundo Maria Antonietta de Lima e Silva, 67, presidente da Associação de Amigos da Vila Pompeia, foi justamente no local em que está a nova praça que o bairro se desenvolveu, a partir das Indústrias Reunidas Matarazzo.

Autora de um livro sobre a região, ela conta que o terreno formava um largo onde o conde Francisco Matarazzo (1854-1937) se reunia com funcionários.

"Eram todos italianos, e lá eles descansavam depois do almoço, antes de voltar ao trabalho nas fábricas", diz.

"Quando o carteiro chegava, as lágrimas corriam com as notícias da família. Assim o lugar acabou virando o largo da Saudade."

Segundo registros da prefeitura, a estátua foi colocada, àquela época, em frente ao portão das fábricas, perto do largo. Os familiares, no entanto, dizem que ela foi feita para ficar na Universidade Matarazzo, onde hoje fica o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Nos anos 1980, quando as indústrias foram à falência, a obra foi retirada do local, que já estava degradado.

Ela foi para a praça Sousa Aranha, em frente ao shopping West Plaza, com uma placa alertando o caráter temporário da instalação. A ideia era que ela fosse devolvida para um local significativo na trajetória do conde.

IMPASSE

"Com a criação da praça, nossa associação imaginou que seria uma justa homenagem trazer a estátua de volta", diz Maria Antonietta.

O pedido foi feito à Comissão de Esculturas da Secretaria de Cultura. A resposta negativa veio no fim do ano.

A comissão afirmou que a estátua está "bem ambientada no local onde se encontra" e que a nova praça "encontra-se gradeada, dificultando a fruição da obra".

"As inundações aqui são frequentes. Sem a grade, a praça seria coberta por lixo a cada temporal", afirma Maria Antonietta. "No nosso projeto, o pedestal da estátua vai ser maior que grade. O conde será visto de qualquer lugar."

Ela defende que as grades sejam mantidas.

A comissão da prefeitura sugeriu que uma obra nova fosse para a praça, mas a associação entrou com recurso.

A nova diretora do Departamento do Patrimônio Histórico, Nádia Somekh, informa que o tema deve ser reavaliado até o final de março.

"Se o conde me mandar uma carta dizendo que está bem onde está, juro que não incomodo mais", brinca Maria Antonietta.

A família do industrial apoia. "É merecido. A obra tem valor, além do conde ter tido um papel histórico para o bairro", diz o vereador Andrea Matarazzo, sobrinho-bisneto do conde.


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