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Quase natural

Das passarelas às ruas, visual com pouca maquiagem, ganha força; nas redes sociais, campanhas pedem looks de cara limpa

HELOÍSA NEGRÃO EDITORA-ADJUNTA DE NOVAS PLATAFORMAS

O visual natural nunca esteve tão em alta. Das passarelas às campanhas com a hashtag #nomakeup nas redes sociais, a tendência do "menos é mais" ganha força.

Nas ruas, o look clássico com olhão preto esfumado está sendo substituído por sombras em vários tons de marrom. Já a pele ganhou status de protagonista, e há um grande número de produtos novos para disfarçar os poros e as rugas de maneira leve.

"Hoje tem muita cliente que vem ao salão para fazer maquiagem do tipo eu que fiz'", afirma o maquiador Elton Thadeu, do salão Blend.

O maquiador Ricardo dos Anjos até criou o serviço "make express" no seu salão para fazer um visual simples e rápido. "As pessoas notam que a mulher é bonita, mas não percebem a maquiagem. As clientes não querem mais ficar com cara de salão."

A relações públicas Natália Fusco, 29, diz que já foi "viciada" em corretivo. "Como eu tenho olheira, usava de uma maneira meio exagerada", diz. Hoje, o uso é mais calculado. A sombra e o lápis pretos para a noite deram lugar ao marrom e a maquiagem com olho marcado deixou de ser a principal razão para visitar um profissional. "Vou ao salão por causa da pele: fica impecável."

A advogada Laura Bumachar, 38, diz que vê diferença ao comparar suas fotos de dez anos atrás. "Hoje uso maquiagem mais leve, e vou ao salão quando tenho uma festa, mesmo que seja para parecer que não estou maquiada."

A maquiadora e cabeleireira Ana Paula Morais, 28, diz que até que recebe mais cantadas quando está sem maquiagem do que quando está pintada. "Eu passo maquiagem por causa do trabalho. No dia a dia, é pele sem nada, mas sempre hidratada."

Elton Thadeu afirma ser contra os excessos. "Uma mulher com mais de 45 anos que sofre com olheiras vai marcar mais as linhas de expressão se aplicar muito corretivo."

CAMPANHAS

Segundo Andreia Mirón, professora do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina, hoje a moda questiona a artificialidade, principalmente por causa da manipulação de imagens, e isso respinga na maquiagem. "Questiona-se até se a pele é mesmo da pessoa."

A revista "Vanity Fair" entrou na moda do look natural e publicou fotos de artistas como Brad Pitt, Scarlett Johansson, Kate Winslet e Oprah Winfrey sem maquiagem e sem retoques.

A revista "Glamour" também mostrou famosos como Sabrina Sato e Valeska Popozuda do jeito que acordam e lançou campanha para que as leitoras publiquem fotos de rosto lavado.

Ações do tipo chegaram a ganhar um caráter beneficente. Na rede social Instagram, uma campanha arrecadou 8 milhões de libras (R$ 26 milhões) para pesquisas que buscam a cura do câncer no Reino Unido. As mulheres doavam 5 libras e postavam fotos sem maquiagem com o termo #nomakeupselfie.

Até gurus da moda incentivam suas seguidoras na web a mostrar como são "de verdade". A americana Leandra Medine, do blog Men Repeller, ganhou mais visitas, retuítes e curtidas quando disse que não usava maquiagem --por preguiça e por se sentir bem ao natural-- do que ao mostrar as roupas que veste.

Já as cariocas do blog Girls With Style abrasileiraram a hashtag e criaram a campanha #terçasemmake. "A gente luta contra a padronização da beleza e a insegurança que isso causa nas meninas", diz Nuta Vasconcellos, 28.

Ela cita o caso de uma amiga que acorda antes do namorado para se maquiar e de uma das seguidoras do blog que tem uma mancha no rosto e usou a campanha para publicar pela primeira vez uma foto sem maquiagem.

"A gente ama maquiagem, mas usá-la deve ser uma escolha, e não uma obrigação."

O natural, porém, não deixa de ser modismo, segundo Andreia Mirón. Ela afirma que a moda sempre teve a diferenciação como pilar.

"Nunca se teve tanto acesso a produtos e cores como hoje. Mas enquanto nas passarelas as modelos usam uma maquiagem leve e os mais antenados seguem o normcore' [termo recentemente criado que trata da tendência de valorizar roupas simples], vemos marcas populares apostando em muitas cores e bases com cobertura pesada."

Para ela, as elites tentam se distanciar do look exagerado. "O visual com menos informação ganha status de sofisticação, e a mulher elegante passa a ser aquela que não precisa de artifícios para se fazer notar."


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