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Tecnologias antes restritas ao consultório do dermatologista ganham versões caseiras, mas médicos apontam riscos

JULIANA VINES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é mais preciso ir ao dermatologista para fazer depilação com luz pulsada, tratar queda de cabelo com "led" ou tirar uma verruga por congelamento. Muitas tecnologias de consultório já ganharam versões caseiras.

O "faça você mesmo" na dermatologia chegou há pouco no Brasil, mas não é novidade nos Estados Unidos e na Europa, onde dá para comprar na farmácia equipamentos para tirar manchas da pele ou colocar unhas de gel a partir de US$ 25 (R$ 55).

Por aqui, os preços são mais salgados e a variedade é menor. O tratamento mais popular é a depilação à base de luz pulsada, mas também há "canetas de led" antiespinha e até massageadores com terapia à vácuo para tratar celulite.

"É uma tendência que só cresce, tanto no exterior quanto no Brasil. Mas a eficácia e os riscos desses tratamentos são questionáveis", afirma o dermatologista Davi de Lacerda.

Segundo ele, as versões caseiras são menos potentes do que as tecnologias de consultório. Por um lado, isso diminui os riscos do uso por não especialistas; por outro, faz com que os equipamentos sejam menos eficazes.

No caso da depilação com luz pulsada, mesmo as que são feitas em consultório não são definitivas. Os médicos falam em "redução", em vez de "eliminação" dos pelos.

"A técnica atua mais no adormecimento do pelo do que na destruição do folículo", explica Lacerda. O problema é que, como nas versões caseiras a potência é menor, pode acontecer um efeito indesejado: estimular os folículos.

"Nos equipamentos caseiros, a energia emitida é tão baixa que pode aumentar os pelos, em vez de diminuir", diz a dermatologista Denise Steiner, presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).

Ela não indica o uso desses depiladores em casa, já que, além de serem menos eficazes, há riscos para peles morenas e bronzeadas.

"Pode causar queimaduras, porque o alvo da luz é definido de acordo com a concentração de melanina. Se a pele é mais escura, o calor pode ir para a pele", alerta.

A Philips, fabricante do Lumea, aparelho de luz pulsada que chegou ao Brasil em dezembro de 2013 (e custa R$ 2.999), afirma que o produto é resultado de mais de dez anos de pesquisas e testes com 2.000 mulheres.

"Não há estudos que relacionem qualquer risco a saúde com o uso do Lumea. E não temos nenhum registro de aumento de pelo", diz Gabriela Moreira de Mello Hass, gerente de marketing da marca. De acordo com ela, até agora, o único caso de efeito colateral que o fabricante tem conhecimento foi um de hipopigmentação (manchas mais claras na pele).

"Isso aconteceu na Europa. Aqui não tem nenhum caso. Nosso manual é claro sobre as contraindicações. Não é recomendado o uso em manchas escuras ou sobre tatuagens", afirma.

TIRA-VERRUGA

Outra terapia tipo "delivery" é o tira-verrugas Pointts. O tratamento, vendido livremente nas farmácias e anunciado na televisão, tem registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009. Mas recentemente tem mobilizado dermatologistas, preocupados com o uso incorreto do produto.

"Ele só deve ser usado em um tipo de verruga, mas o consumidor nem sempre sabe diferenciar uma verruga de uma pinta ou de outro tipo de lesão", diz o dermatologista Murilo Drummond, professor do Instituto de Pós Graduação Médica Carlos Chagas.

Segundo Steiner, a SBD já enviou um ofício à Anvisa alertando dos riscos do Pointts. "Já recebemos casos de queimaduras pelo uso desse produto. As pessoas não sabem e não devem se autodiagnosticar. Há o risco de ela tratar incorretamente um melanoma [tipo de câncer de pele], por exemplo", diz.

O Genomma Lab, fabricante do Pointts, disse em nota que um folheto explicativo deixa claras as indicações e contraindicações do produto.

"O folheto é aprovado pela Anvisa. A única forma de o Pointts trazer algum tipo de risco é se o consumidor não ler o folheto devidamente e, assim, usá-lo de forma incorreta", informou o laboratório.


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