Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Clínica contrata prostitutas para seus pacientes
BERNARDO MELLO FRANCO DE LONDRESUma casa de repouso do sul da Inglaterra manteve por anos um programa de "visitas especiais" a seus pacientes, idosos com alguma deficiência física que escolheram envelhecer em paz à beira do canal da Mancha.
O plano ia bem até o fim do mês passado, quando uma ex-funcionária do asilo disse a um jornal local que as "visitadoras", na verdade, são prostitutas contratadas para fazer sexo com os internos.
A história, que lembra o livro "Pantaleão e as Visitadoras", de Mario Vargas Llosa, dividiu a pequena cidade de Eastbourne, virou tema de CPI na Câmara local e deu início a um debate na imprensa: a terapia sexual é eficaz para deficientes ou uma prática moralmente condenável?
Para a direção da Chaseley Trust, a clínica que gerou a polêmica, a resposta certa é a primeira. Em nota, disse que o acesso ao sexo é um direito dos seus pacientes.
"Estamos conscientes dos direitos das pessoas com deficiência. Se um indivíduo expressa o desejo de ter um relacionamento físico e nós podemos ajudá-lo de forma legal e segura, vamos fazê-lo", disse a diretora Sue Wyatt.
A administração da cidade afirmou que a prática "não é bem-vinda" e que os idosos internados na casa de repouso são "vulneráveis" e sujeitos a "exploração e abusos".
Em Londres, a ONG Outsiders defende a terapia sexual desde o fim dos anos 1970.
Sua fundadora, Tutty Owens, disse à Folha que pagar por sexo não é crime no país. Ela acusou os críticos de discriminar os deficientes físicos."O tratamento com terapia sexual dá resultados. Os deficientes aprendem que também podem ter e dar prazer a outras pessoas."
Ela contou que já ajudou mulheres deficientes a ter o primeiro orgasmo depois dos 50. "É uma descoberta."