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Peças de design se valem do passado e do futuro - têm a tecnologia como aliada e dão novos sentidos a materiais tradicionais
A definição do que é uma peça de design inovadora divide profissionais do setor. Eles concordam, porém, que nem de longe a beleza é o principal critério.
Para Guto Requena, 33, arquiteto e colunista da Folha, a peça deve ser "honesta", sem excessos.
Utilizar o mínimo material necessário é uma ideia que agrada também o designer Pedro Useche, 57: "O bom projeto é racionalmente pensado, busca compreender todo o trabalho, os materiais e sua interação".
Para ele, uma peça inovadora pode ser ruim, "como uma cadeira que não serve para sentar e acaba virando escultura". "Todo móvel é para ser útil para o indivíduo."
Beto Cocenza, idealizador do evento Boomspdesign, vê três caminhos para o mobiliário. Um é o de alto consumo, disponível em lojas como Tok & Stok e Etna.
O outro é o design de produção mais limitada, mas ainda industrial, como o da marca italiana Cappellini e da brasileira Vialight Design.
"Essas empresas agregam inovação a suas peças ao reunir designers talentosos em completa sinergia com o mercado", avalia Cocenza.
A terceira possibilidade é o design super-exclusivo ("designart"), que produz peças únicas ou com tiragem muito pequena.
Mas a inovação não está presente só no produto final.
"Hoje, são questões inerentes a um design inovador o material certificado e a mão de obra usada", diz Cocenza.
Useche destaca como inovador, além da importância do processo, a democratização das peças.
"Existem muitos empecilhos e intermediários no caminho do designer até o consumidor, e o produto final acaba chegando ao público muito caro", diz.
A tecnologia é uma aliada. Para Requena, a peça inovadora é interativa e se alimenta da cultura digital e de novos processos nesse meio.
O novo, no entanto, não exclui o tradicional. O designer Fernando Jaeger, 57, trabalha resgatando referências do século passado e afirma que o design não precisa necessariamente ser inovador.
"Às vezes, o inovador é tendência e torna-se passageiro. Para mim, o bom design não é efêmero", diz.
Segundo Useche, o ciclo de vida de um objeto do design pode ser enorme. "A reutilização de peças e materiais é importante, seja porque o design inovador é imortal, seja porque peças mesmo simples ganham afeto familiar."