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Empresas brasileiras que já estão no país são cautelosas
Para a maioria, reformas não terão efeito para estrangeiros no curto prazo
Executivos acreditam em mais espaço para o capital privado no setor bancário e para entrada e saída de moeda
Reformas significativas são inevitáveis, mas elas serão graduais e não terão efeito para os investimentos estrangeiros a curto prazo. Essa é a expectativa de brasileiros com longa experiência em fazer negócios na China.
"Este país é uma transformação permanente", diz João Lemos, gerente-geral da fábrica de compressores da Embraco em Pequim, que tem 13 anos de China. "Mas é tudo muito planejado e ocorre de forma gradual."
Lemos não acha que haverá mudanças drásticas, mas prevê que a abertura ao capital estrangeiro será ampliada, mas para priorizar o investimento em inovação.
De origem catarinense, a Embraco firmou a parceria há 18 anos com a Prefeitura de Pequim numa fábrica de de compressores para refrigeração doméstica de alta eficiência energética.
Muitos analistas apostam que o sistema financeiro será alvo das maiores reformas, incluindo a liberalização das taxas de juros para depósitos, a internacionalização da moeda chinesa (yuan) e redução do monopólio estatal no setor.
"Espera-se mais espaço para o capital privado no setor bancário e liberalização na entrada e saída de moeda", diz o chefe do escritório da Petrobras na China, Marcelo Castilho da Silva, que vive há oito anos em Pequim.
No setor de energia, ele acredita que a reforma será modesta, com possível abertura a capital estrangeiro na área petroquímica, mas não em refinarias.
Segundo ele, a Petrobras pode se beneficiar caso o governo chinês aumente a cota de importação de petróleo para empresas privadas do país, que hoje é muito pequena.
A Petrobras exporta cerca de 100 mil barris/dia para a China, mas a compra é dominada pelas estatais.
Outra mudança considerada crucial é no sistema de propriedade coletiva da terra nas áreas rurais, uma herança das comunas da era de Mao Tse-tung.
A expectativa é que o governo permita que os camponeses comercializem suas terras e se beneficiem quando elas sejam reclassificadas para uso urbano, dando uma resposta à insatisfação em torno da crescente desigualdade social.
O advogado Rodrigo do Val Ferreira, do escritório Felsberg e Associados, um dos três brasileiros autorizados a funcionar no país, espera que as reformas diminuam a burocracia que dificulta os negócios na China.
Mas lembra que na primeira onda de abertura da economia, no final dos anos 1970, levou dois anos para estrangeiras entrarem no país.