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Entrevista Paulo Humberg

Ideias dos 'sonhadores demais' não prosperam

Investidor que já colocou R$ 12 milhões em empresas neste ano indica perfil de companhias nas quais aposta

FILIPE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Em um ano de incertezas na economia, o investidor Paulo Humberg, 46, investiu R$ 12 milhões para adicionar três empresas ao portfólio de sua gestora de capital de risco, a A5 Internet Investments.

Segundo ele, o momento aparentemente desfavorável da economia é na verdade uma grande oportunidade para conseguir encontrar boas empresas, pois os preços estão mais atraentes, e a concorrência, menor.

Fundador de uma série de empresas digitais que foram mais tarde vendidas, como Lokau, Brandsclub e ClickOn, Humberg fala em entrevista à Folha sobre o que busca em um empreendedor na hora de investir. Segundo ele, não é bom ser nem sonhador demais nem pé no chão demais.

Leia abaixo trechos da entrevista.

Folha - Por que seu fundo "abriu a torneira" neste ano?

Paulo Humberg - Acho que as pessoas têm a mania de investir quando a economia está quente. Mas um mercado mais devagar é uma grande oportunidade, porque você tem preços de ativos mais legais. São menos concorrentes, menos investidores estrangeiros procurando oportunidades.

O que faz uma empresa entrar ou não no seu portfólio?

A primeira coisa é o empreendedor ser bom. São pessoas que já estão em um mundo muito difícil, o de fazer um projeto vingar. Se você tem um executor mais ou menos, um pouco sonhador demais ou "pé no chão" demais, aquela ideia não prospera.

Qual é o problema de ser sonhador demais?

Tem uma frase feita que diz que você precisa sonhar grande e executar pequeno. É mais ou menos isso. A gente recebe muitos empreendedores que só tem ideias. Esses não passam nem no crivo inicial, porque ideia todo mundo tem. Eles precisam ter a ideia e já pensar em como executá-la. Sonho por sonho, o hall de empresas quebradas está cheio.

O sonhador demais seria alguém incompleto, então?

O que é sonhador demais teria dificuldade de implementar. Teria que encontrar um sócio que soubesse como tornar isso realidade. Esse é o desafio para quem sabe que tem esse perfil.

Quais outros critérios entram nessa avaliação?

A formação é fundamental. Preciso saber de onde ele veio, onde estudou, qual ambiente frequenta. A gente tem desde empreendedores de Recife [da empresa Colab.re], superpolitizados e jovens, a empreendedoras de São Paulo que vieram do Insper, bem-formadas. Cada um desses perfis é adequado para o negócio que estão criando.

Existem boas alternativas para saídas dos investidores no Brasil?

Aqui você tem que ser mais criativo, porque a saída não é muito óbvia quanto nos Estados Unidos. Lá você tem duas formas: ou vai para o mercado de capitais ou se junta a alguém. No Brasil, a fusão ou aquisição é a única opção. Então você precisa ter um produto revolucionário e uma empresa que cresça. A partir do momento em que você tiver uma empresa bacana, alguém vai querer te comprar.

O quanto seria importante termos uma maior possibilidade de IPOs [abertura de capital na Bolsa] de empresas digitais?

Quando você tem empresas fazendo IPO, incentiva novos empreendedores, por servir de exemplo de sucesso. E incentiva investidores, porque o cara que ganhou muito dinheiro vai investir em novas empresas.

Na Índia, você consegue fazer um IPO de uma empresa para captar R$ 15 milhões, aqui os bancos não querem nem saber de IPOs para captar menos de R$ 400 milhões. Mas devemos começar a ver empresas indo para a Bolsa no futuro.


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