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Ainda há lixão em 45% das cidades

Prazo para substituí-los por aterros acaba em agosto; verba e capacitação são gargalos

MARA GAMA COLUNISTA DA FOLHA

Pouco mais de três anos depois da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, parece consenso que o país deu um importante passo, mas caminha lentamente, principalmente nos municípios pequenos.

A lei deu diretrizes para modificar a cadeia do resíduo. Na ponta inicial, a coleta seletiva, que deve encaminhar aos aterros apenas o rejeito. Na ponta final, a substituição de lixões por aterros sanitários, feitos para minimizar impactos ambientais.

A dois meses do vencimento do prazo da PNRS, porém, 45,1% das cidades ainda usam lixões, áreas sem controles de contaminação. Outros 40,3% usam aterros sanitários --construídos em áreas impermeabilizadas, com medição de gases e escoamento de chorume. Por último, 14,6% levam o lixo a aterros controlados, um lixão com alguma contenção.

Cidades do Norte, do Nordeste e do Centro Oeste são as que mais usam lixões, principalmente no interior. No Sul e no Sudeste, há Estados quase sem eles: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

Um dos principais gargalos para o fim dos lixões é a logística reversa, que orienta fabricantes, importadores e comerciantes a planejar e financiar a coleta do material que fizeram circular.

Falta de capacidade técnica nos municípios, de respaldo dos Estados, de financiamento e de iniciativa política são outros fatores apontados por técnicos, empresários e entidades municipais.

Para Elisabeth Grimberg, especialista em resíduos sólidos do Instituto Polis, as empresas devem arcar com a coleta seletiva. "Se uma empresa entrega um produto no meio da selva, ela tem de buscar a embalagem lá."

Eduardo Tadeu Pereira, presidente da Associação Brasileira de Municípios, pleiteia um novo prazo (até 2018) para a adequação à PNRS e a participação ativa dos governos estaduais na construção de aterros.

"A maioria dos municípios não tem condições de fechar os lixões. Com o prazo atual haverá criminalização generalizada dos prefeitos pelo Ministério Público", afirma.

Depositar resíduos em lixões é crime ambiental desde 1998. Com o fim do prazo estabelecido pela PNRS, os administradores municipais ficam sujeitos a partir de 3 de agosto às penas da lei.

Albino Rodriguez Alvares, que coordena as pesquisas sobre resíduos sólidos no Ipea, afirma que governos estaduais e federal deveriam instituir financiamento para construção de aterros.

"Se Brasília não consegue acabar com o Estrutural, maior lixão do Brasil, como cidades pequenas conseguiriam? E o aterro não resolve tudo. Também tem prazo de vida curto e inutiliza terrenos. O que se deve buscar é menos lixo no aterro."

Para Zilda Veloso, diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, a dificuldade não está só no financiamento. "Os pequenos municípios têm baixa capacitação técnica."

Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, que reúne 52 empresas de coleta no Brasil, considera que o principal problema é a falta de iniciativa política. "O administrador público se preocupa mais com o ganho eleitoral."


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