Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Especial

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Aécio

Tucano busca reação que até amigos veem com ceticismo

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA DANIELA LIMA DE SÃO PAULO

Vinte e seis de junho de 2001, penúltimo ano do PSDB no comando do país. Do gabinete da Presidência da República, o mineiro Aécio Neves liga para alguns de seus conterrâneos em tom de celebração: "Chegamos lá".

Aos 41 anos, ele sentia o gosto de assumir, ainda que interinamente, o cargo de presidente que o destino tirou de seu avô. Eleito em 1985 pelo colégio eleitoral, Tancredo Neves morreu no ano seguinte sem tomar posse.

Então presidente da Câmara dos Deputados, Aécio dizia que assumir o posto por três dias, com a viagem ao exterior de Fernando Henrique Cardoso e de seu vice, Marco Maciel, era uma homenagem ao avô.

Treze anos depois, em sua primeira campanha presidencial, Aécio Neves, 54, relembra: "Eu já fui presidente", deixando escapar um sorriso de quem deseja um dia ser o dono do cargo.

Aécio entrou na disputa deste ano com a certeza de que chegaria ao segundo turno, mas a morte de seu amigo e adversário Eduardo Campos (PSB) mudou o cenário. Agora, pode ser o primeiro tucano a ficar fora da reta final da eleição desde 1994.

A amigos, costuma desabafar que sua grande oportunidade de "chegar lá" era em 2010, quando terminava seu segundo mandato de governador de Minas Gerais. Acreditava ser o melhor nome para derrotar Dilma Rousseff, lançada pelo presidente Lula, mas desistiu de enfrentar José Serra em prévias do PSDB.

Naquele ano, elegeu-se senador e, mais uma vez, foi acusado por tucanos paulistas de fazer corpo mole e ser um dos responsáveis pela derrota de Serra.

Suas divergências com o grupo serrista no PSDB se agravaram, mas conseguiu, em 2014, com o apoio de FHC, unir o partido para se lançar à Presidência.

Ungido pelo empresariado como melhor nome para derrotar Dilma, Aécio acreditava ter a campanha perfeita para devolver o poder ao PSDB.

Cresceu nas pesquisas, chegou ao patamar de 20%, mas começou a sentir o gosto de ser vidraça -algo que, dizem seus inimigos, não havia experimentado porque contaria com a proteção de parte da imprensa mineira.

Sua campanha sofreu o primeiro revés após a Folha noticiar, em julho, que ele havia mandado construir, quando governador, um aeroporto num terreno de um tio, na cidade mineira de Cláudio.

No mês seguinte, a morte de Eduardo Campos atingiu em cheio sua campanha.

Marina Silva, substituta do ex-governador de Pernambuco, tirou-o do segundo posto da corrida presidencial.

Agora, Aécio busca uma "reação histórica" que nem amigos mais próximos acreditam ser possível e tenta salvar a disputa em seu Estado -seu candidato, Pimenta da Veiga (PSDB), pode perder no primeiro turno para Fernando Pimentel (PT).

Ficará com o prestígio e futuro político abalados se, além de ficar fora do segundo turno da eleição presidencial, perder em Minas, onde nasceu em 10 de março de 1960, em Belo Horizonte.

Filho de uma família de políticos -além do avô Tancredo Neves, seu pai, Aécio Ferreira da Cunha, foi deputado federal-, o hoje presidenciável não tinha muito interesse pela política até a adolescência.

Aos dez anos, mudou com a família para o Rio, onde curtia mais o surfe e as noites cariocas. Ali nasceu sua paixão pela cidade maravilhosa, motivo de ataques de seus adversários. Durante o período em que foi governador, era acusado de passar mais tempo no Rio do que em Minas.

Suas incursões pelas noitadas cariocas teriam sido a causa de sua iniciação na política. Aos 21 anos, foi chamado pelo avô para trabalhar em sua campanha ao governo de Minas. Motivo: tirá-lo da "convivência com más influências" no Rio.

LIÇÕES DO AVÔ

Aécio seguiu Tancredo pelo ano inteiro. Eleito, virou seu secretário particular. Em seguida, participou com o avô da campanha pelas "Diretas Já" e da transição do regime militar para a democracia brasileira.

O avô deu a Aécio algumas lições sobre a vida pública que ele costuma sempre repetir. Entre elas, a de que a Presidência da República é mais um destino do que um projeto político.

Duas semanas depois da morte de Tancredo, entregou ao presidente José Sarney o cargo de secretário particular da Presidência para o qual havia sido nomeado. Ali, foi definida sua nomeação para a diretoria de Loterias da Caixa Econômica Federal.

Dali, planejou sua campanha a deputado federal. Foi eleito por quatro mandatos consecutivos (1987-2002). Virou líder do PSDB e, depois, presidente da Câmara contrariando o então presidente FHC.

Em 2002, foi eleito em primeiro turno governador de Minas, sendo reeleito em 2006. Em 2010, fez seu sucessor, Antonio Anastasia, um técnico sem nenhuma experiência na vida política.

Adepto do estilo "bon vivant", Aécio sempre foi acusado de não sacrificar sua vida pessoal pela política, algo que nunca escondeu. No ano passado, porém, largou a vida de solteiro, que mantinha desde que se separou da mãe de sua primeira filha, Gabriela, hoje com 23 anos.

Em dezembro de 2013, casou-se com Letícia Weber. Ao lado dela, diz ter superado uma das fases mais críticas do período eleitoral. Lembrou o nascimento dos gêmeos Julia e Bernardo, que nasceram durante a campanha, prematuros e que ficaram 60 dias internados num hospital. "Quem passou pelo que a gente passou não pode reclamar. Depois que eles saíram do hospital, eu já venci."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página