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Análise
Chance de 2º turno é cada vez maior
Oscilações dentro da margem de erro em intervalo de dias podem causar falsa ideia de estabilidade no quadro eleitoral
As oscilações dentro da margem de erro em intervalo de poucos dias podem causar a falsa ideia de estabilidade no quadro sucessório para presidente da República.
Mas a manutenção das tendências das curvas de Marina e Aécio e o patamar alcançado por Dilma reforçam duas percepções --aumenta a probabilidade da ocorrência de segundo turno e projeta-se uma possível disputa acirrada entre os candidatos da oposição por uma vaga na final contra a presidente.
Pela intensidade, o crescimento do apoio à reeleição de Dilma Rousseff na pesquisa anterior insinuava a possibilidade de uma eventual vitória no primeiro turno. Com os resultados de hoje, essa chance diminui.
O maior peso do refluxo atual de eleitores para Aécio Neves pode configurar uma reação de regiões mais ricas, Sul e Sudeste, à recente ascensão de Dilma. A desconstrução de Marina enfraqueceu o discurso da "nova política" e, em alguns Estados de tradição antipetista, foi o suficiente para parte do eleitorado resgatar o PSDB como adversário.
Exemplo disso é São Paulo, onde, nos últimos dias, Aécio cresceu quatro pontos percentuais. Em pouco menos de um mês, o aumento do apoio ao tucano entre os paulistas totaliza dez pontos enquanto a intenção de voto em Marina caiu nove.
Em um Estado que responde por 22% da composição do eleitorado brasileiro e onde, antes de votar para presidente, 49% dos eleitores pretendem digitar 45 para governador, a ordem de votação e a tradição, mais do que nomes ou santinhos, podem influenciar o resultado.
Com esse cenário, vale o monitoramento do desempenho dos eleitores na urna eletrônica. Entre a intenção de votar no candidato e a concretização desse desejo, existem variáveis que, até o dia da eleição, agirão sobre o eleitorado. Em disputas acirradas, detalhes fazem a diferença.
Além de ser a mais prejudicada pelo desconhecimento de seu número, Marina sofre revés quando os que pretendem elegê-la demonstram mais dificuldade em transformar a intenção verbalizada em voto de fato.
Na simulação de urna eletrônica, aplicada pelo Datafolha por meio de um aplicativo em tablet, cerca de 12% de seus eleitores acabam anulando o voto, votando em branco ou digitando algarismos de outros candidatos.
O quadro de indefinição lança nova luz sobre o último debate entre os presidenciáveis, que acontecerá na noite de quinta-feira (2). Para tentar liquidar a fatura com antecedência, falar para os "filhos da inclusão" é fundamental para Dilma.
Para a oposição, a candidatura cuja proposta melhor equacionar tradição e protesto deve ser finalista. Pelos cálculos de variabilidade do Datafolha, Dilma deve chegar para o confronto com taxa de intenção de voto entre 36% e 43%, Marina entre 22% e 28% e Aécio entre 18% e 23%.